A ampliação da pista do Salgado Filho é a prioridade entre as obrigações que a alemã Fraport AG Frankfurt tem após conquistar em leilão o direito de administrar o aeroporto pelo próximos 25 anos, prazo que pode ser prorrogado por mais cinco. Em sua primeira passagem pela Capital após a companhia obter a concessão, o vice-presidente sênior da empresa, Christoph Nanke, confirmou nesta segunda-feira que a obra é essencial para o projeto de explorar o terminal gaúcho, arrematado por R$ 382 milhões, mês passado.
– A pista é um limitador do desenvolvimento do aeroporto – pontuou Nanke, após se encontrar com o governador José Ivo Sartori, no Palácio Piratini.
Depois da assinatura do contrato de concessão, prevista para julho, a empresa terá a obrigação de executar a obra em um prazo de 52 meses. Ampliar a pista em 920 metros, para 3,2 mil metros, é essencial para o Salgado Filho aumentar a movimentação de cargas, especialmente para o Exterior. Hoje, cargueiros não conseguem decolar com plena capacidade e tanque cheio para viagens a longa distância. Nos últimos cinco anos, dos US$ 3,34 bilhões exportados via aérea pelo Estado, apenas US$ 442 milhões embarcaram no Salgado Filho. A operação é feita em aeroportos de São Paulo, onerando em cerca de 40% os custos logísticos para as empresas gaúchas devido ao gasto com frete rodoviário.
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Segundo Nanke, o principal atrativo do aeroporto é se localizar em uma região "economicamente forte" do Brasil e com boa localização no Mercosul. Com a pista ampliada, a empresa vê grandes possibilidades de aumentar o potencial de negócios. O executivo, no entanto, disse que ainda não há projeção de quanto precisará ser investido para o cumprimento de todas as obrigações contratuais. Entre elas, estão a ampliação do terminal de passageiros e a construção de um novo estacionamento.
Cauteloso, Nanke lembrou que precisa da colaboração do poder público para executar a extensão da pista, uma novela que se arrasta há duas décadas. O imbróglio envolve principalmente a remoção de famílias que vivem nas cercanias do aeroporto. Cerca de 5 mil pessoas terão de ser deslocadas. Mesmo assim, disse que a intenção é iniciar os preparativos o mais rápido possível.
No encontro com Sartori, foi definida a criação de um grupo de trabalho que deverá ajudar nas etapas necessárias à implantação das melhorias da infraestrutura do aeroporto. Um dos principais pontos que envolve o Estado é o licenciamento ambiental.
Para o Rio Grande do Sul, a ampliação do aeroporto tem caráter estratégico e prioritário, definiu o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Fábio Branco:
– O papel do Estado é aglutinar todos os atores para que o trâmite seja tranquilo.
Após a reunião com Sartori, a comitiva da Fraport se encontrou com o prefeito da Capital, Nelson Marchezan. O diretor-geral do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), Mário Marchesan, sinalizou que o processo de retirada das famílias que moram no entorno do Salgado Filho não será entrave para a obra.