Primeiro segmento a sentir os efeitos da desaceleração da economia, ainda em 2014, a indústria de transformação gaúcha deu os primeiros sinais de recuperação na reta final de 2016. Depois de 10 trimestres consecutivos de encolhimento, o segmento (que forma o setor indústria ao lado dos subsetores extrativa mineral, construção e eletricidade) cresceu 1,1% em relação ao mesmo período de 2015.
O resultado positivo do segmento no último trimestre não foi suficiente para reverter o desempenho desastroso no ano, um tombo de 4,3%. Mas pode sinalizar que o pior da crise já tenha passado. O fundo do poço parece ter ocorrido entre outubro e dezembro de 2015, quando a queda acumulada em quatro trimestres foi de 13,4%, puxado pelas fábricas de máquinas e equipamentos, que tiveram recuo de 26,3% naquele ano.
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De lá para cá, o segmento continuou encolhendo, mas em ritmo mais lento. No último trimestre de 2016, voltou ao azul. O destaque foi a fabricação de máquinas e equipamentos, com crescimento de 19,6% no período, devido principalmente à maior fabricação de tratores agrícolas, máquinas para colheita e suas partes e peças.
A previsão da safra recorde este ano é positiva para a questão das substituições de equipamentos agrícolas e rodoviários, bastante importante para o desempenho da indústria de transformação como um todo. Depois de dois anos de enxugamento de custos e boa safra, os produtores estariam capitalizados para ir às compras. A redução das taxas de juro seriam um incentivo extra.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), planta a perspectiva de terminar 2017 com um crescimento de 13% nas vendas de máquinas agrícolas no país. Como boa parte das peças é produzida no polo metalmecânico da Serra, a economia gaúcha pode acabar beneficiada.
Conta ainda para o resultado positivo no último trimestre do ano, a base de comparação baixa. Como o segmento vinha registrando resultados ruins desde 2014, o efeito matemático, contribui para tirar a indústria de transformação do vermelho.
Apesar de algum respiro positivo ao longo de 2016, os demais segmentos da indústria tiveram um ano ruim. O segmento Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana chegou a esboçar reação no segundo trimestre, mas voltou a recuar nos meses seguintes, fechando o ano com queda acumulada de 4,1%.
O segmento Construção teve desempenho semelhante. Registrou resultado positivo entre abril e junho, mas depois voltou ao vermelho, fechando o ano com queda de 2,1%. Diferentemente da indústria de transformação, ambos apresentaram resultado ruim no último trimestre do ano.
O segmento extrativa mineral, que só começou a sentir os efeitos da recessão em 2015, três trimestres após a indústria de transformação, enfrenta uma situação mais complicada. Encolheu nos quatro trimestres de 2016, fechando o ano com queda de 7,9%.
Resultado do quarto trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015
SETOR INDÚSTRIA -1%
Segmentos:
Extrativa mineral: -6,8%
Transformação 1,1%
Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana -10%
Construção -4,3%