Um dia depois de informar no balanço financeiro global que as operações da Fnac no Brasil serão descontinuadas, o presidente do grupo no país, Arthur Negri, afirmou que a companhia tenta buscar um sócio – estratégico ou fundo de private equity (que compra participações em empresas) – para a subsidiária brasileira. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o Santander tem mandato para assessorar a varejista no Brasil.
Negri, que assumiu há um mês o comando da companhia, disse que esse processo é recente e que não há um modelo definido para a venda do negócio – se uma parte ou total. Também não descarta franquear a operação no Brasil.
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Na terça-feira, ao divulgar o balanço global do grupo, que se uniu com a varejista de eletroeletrônicos Darty, o presidente da companhia francesa, Alexandre Bompard, disse que, com exceção do Brasil, os mercados onde a Fnac Darty atuam têm potencial para crescimento.
Negri confirmou que o foco do grupo é a Europa. No entanto, descartou que a companhia, com 12 lojas no país, deixará o Brasil no curto prazo. Enquanto busca um sócio, sua função será ajustar os custos e tirar a operação do vermelho.
– Fechar loja não é premissa.
Sem revelar os resultados de 2016, Negri afirmou que empresa teve prejuízo no ano passado. Em 2015, as operações do Brasil encerraram com receita de R$ 138 milhões.
– No ano passado, as vendas ficaram no mesmo patamar.
Fontes a par do assunto reafirmaram na quarta-feira, ao jornal O Estado de S. Paulo que se não encontrar "o parceiro", a empresa deverá deixar o país.
– O setor editorial como um todo e o de eletroeletrônicos estão dificuldades.
A Fnac chegou ao Brasil em 1998, com um modelo de megastore inovador – unindo a venda de livros, CDs e de eletroeletrônicos. Mas, nos últimos anos, o fraco desempenho de vendas fez a companhia revisar os tipos de produtos vendidos.
Erro
Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, o erro da Fnac foi não ter feito a revolução digital.
– Eles mantiveram um modelo de negócio de 10 a 15 anos atrás num segmento (de livros e eletrônicos) onde o e-commerce avança.
De acordo com o último relatório Webshoppers, da E-bit, que traça uma radiografia do comércio eletrônico no país, livros e itens de telefonia e informática, que são o foco de vendas da Fnac, ocupam a 3ª, a 5ª e a 7ª posições, respectivamente, no ranking de produtos mais vendidos pela internet.
Terra atribuiu ao modelo de negócio obsoleto no país a pouca relevância da subsidiária brasileira dentro do grupo francês – que tem menos de 2% da receita total. Somado a isso, a operação brasileira ficou ainda mais diluída com a aquisição da varejista Darty pela Fnac.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.