Com previsão de inflação mais baixa, o Banco Central (BC) poderá acelerar o ritmo de cortes na taxa básica de juro. A projeção se baseia no Relatório Trimestral de Inflação da autoridade monetária, divulgado nesta quinta-feira.
Em fevereiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC anunciou o quarto corte seguido na Selic. Por unanimidade, o colegiado reduziu a Selic em 0,75 ponto percentual, de 13% ao ano para 12,25% ao ano. Esse foi o segundo corte seguido de 0,75 ponto percentual. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 11 e 12 de abril.
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Com a economia em recuperação e as expectativas de inflação em queda, o BC indica que os próximos cortes podem ser maiores.
"A consolidação do cenário de desinflação mais difundida, que abrange os componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária (definições da taxa Selic), fortalece a possibilidade de uma intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária, em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom", diz o relatório divulgado hoje em Brasília.
A redução da taxa Selic estimula a economia porque o juro menor impulsiona a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica.
Projeções para inflação
No relatório, o BC estima que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 4% este ano, abaixo do centro da meta de 4,5%.
A meta tem ainda limite inferior de 3% e superior de 6%. O BC considera até a probabilidade de a inflação ficar abaixo do limite inferior da meta. Essa probabilidade é de 19%, maior que a probabilidade de estouro (4%) do teto da meta.
BC reduz previsão para o PIB em 2017 para 0,5%
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) reduziu para 0,5% a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. No relatório anterior, a projeção era de alta de 0,8%. A estimativa é a mesma que foi usada pela equipe econômica para elaborar o corte do Orçamento de 2017, anunciado na quarta-feira.
Segundo o BC, a revisão do PIB para baixo está associada, fundamentalmente, à incorporação dos resultados do quarto trimestre de 2016, que resultaram em redução adicional do chamado "carregamento estatístico" para 2017.
Entre as componentes do PIB para o próximo ano, o BC projeta queda de 0,1% do setor industrial, expansão de 6,4% no setor agrícola e alta de apenas 0,1% para o segmento de serviços. Antes, as previsões eram de alta 0,6% para a indústria, de 4,0% para a agropecuária e de 0,4% para serviços.
No lado da demanda, o BC estima que o consumo das famílias vá acumular aumento de 0,5% em 2017, ante elevação de 0,4% projetada antes. O consumo do governo terá expansão de 0,2%, ante previsão anterior de 0,5% do relatório anterior.
*Estadão Conteúdo