As altas taxas de juro cobradas no Brasil alimentam os índices de inadimplência, quadro também agravado pelo crescimento do desemprego. A bola de neve do endividamento atingiu o trabalhador do ramo hoteleiro Mateus Lemos, 29 anos. No intervalo de seis meses que ficou sem trabalho, viu seus compromissos saltarem de valor. Nas três parcelas atrasadas na compra de um veículo, teve de pagar juro de 300%.
– E isso que foi renegociado – pondera Lemos, que agora, recolocado, tenta fazer o mesmo com as prestações de compras feitas em lojas.
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Apesar de o crédito consignado ser considerado uma das modalidades mais baratas do mercado, a aposentada Ivone Antunes Dutra, 66 anos, também não escapou de ter de pagar muito acima da quantia que tomou de empréstimo.
– Peguei R$ 5 mil em 60 meses. Paguei R$ 9 mil – conta a aposentada, com o valor quitado.
A vendedora desempregada Bruna Vasconcellos, 23 anos, conseguiu renegociar as dívidas que tinha nos crediários de lojas, e agora vai atrás de acertar dívida com um dentista que, em pouco mais de um ano, saiu de R$ 300 para R$ 477. O esforço é para manter o nome limpo nos serviços de proteção ao crédito. Mas uma lição ela diz ter aprendido.
– O juro do cartão de crédito é muito alto. A partir de agora, vou comprar apenas à vista – afirma Bruna.
Lemos ficou sem trabalho por seis meses e, atualmente, busca ajustar seus débitos no mercado
Bruna renegociou dívidas com lojistas e disse que, a partir de agora, vai comprar somente à vista