Os mercados financeiros de todo o mundo continuaram reagindo nesta segunda-feira às incertezas causadas pela eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Após um susto inicial, que elevou o dólar comercial em quase 9% nos últimos dias – subindo de R$ 3,20 para uma média de R$ 3,45 em menos de uma semana – a expectativa de economistas é de que a moeda siga em alta até o final do ano, mas em menor intensidade.
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Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a grande dúvida que paira é em relação às futuras decisões políticas de Trump, que devem determinar a oscilação da moeda principalmente a partir do ano que vem:
– A questão que temos de avaliar é se o novo presidente dos Estados Unidos irá fazer uma política fiscal expansionista. Se for o caso, o juro básico americano vai subir e isso acaba refletindo na moeda. Por enquanto, a expectativa é de que o valor do dólar comercial aumente até o final do ano, até termos clareza do que Trump pretende fazer.
É o que acredita também Alexandre Wolwacz, sócio do Grupo L&S. Conforme o especialista, o comportamento do câmbio nos próximos meses deve ser determinado pelos sinais que o presidente eleito dará de que vai ou não implementar ou não o discurso de campanha:
– Temos que avaliar se ele vai conseguir realizar as ações que defendeu até então, e que não favorecem os países emergentes.
Até o final do ano, Wolwacz estima que a moeda chegue a R$ 3,60.
– É muito provável que nos próximos dois ou três dias o dólar volte a recuar, já que subiu muito na última semana. Entretanto, para o final do ano a tendência é de alta.
Na última quarta-feira, em seu primeiro discurso como presidente eleito, Trump adotou um tom considerado conciliador, diferentemente do estilo agressivo usado em toda a sua campanha, o que reduziu um pouco o temor nos mercados financeiros.
Entretanto, investidores devem permanecer estressados até ter conhecimento do que de fato o presidente eleito vai conseguir colocar em prática das propostas radicais que anunciou em sua campanha.