A partir de segunda-feira, os motoristas poderão encontrar gasolina e diesel mais baratos nos postos de combustível. Mas é preciso conter a euforia: a redução anunciada pela Petrobras nesta sexta-feira vale para as refinarias. Nas bombas, a queda deve ser bem baixa.
– Como essa redução na refinaria foi muito pequena, a redução na bomba também vai ser. Para o consumidor, quase nada muda – avalia o diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires.
Segundo estimativa da Petrobras, se a redução aplicada na refinaria (de 2,7% no diesel e de 3,2% na gasolina) for integralmente repassada ao consumidor final, o diesel pode cair 1,8%, ou R$ 0,05 por litro, e a gasolina pode cair 1,4%, também R$ 0,05 por litro.
Pires prevê um impacto ainda menor no bolso do consumidor do que a Petrobras projetou. Segundo ele, a redução no preço da gasolina deve ficar em torno de 1% - o que representaria menos de R$ 0,04 por litro.
– O importante do anúncio não foi o valor, mas a mensagem que a Petrobras deu, de que não vai mais vender combustível abaixo do mercado internacional. Se o preço não vai baixar muito agora, a boa noticia é que vai ter certa lógica e previsibilidade daqui pra frente – avalia Pires.
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No caminho da refinaria até o posto, o preço dos combustíveis é influenciado por diversos fatores, como valor do etanol, dos custos de distribuição e de revenda, e os tributos estadual (ICMS) e federais (Cide e PIS/Cofins). Por isso, chega com queda bem mais baixo nas bombas.
Para o presidente do sindicato que representa os revendedores de combustíveis do RS (Sulpetro), Adão Oliveira, um fator que pode diminuir o impacto do anúncio da Petrobras é o recente aumento no valor do etanol anidro, que compõe 27% do litro da gasolina.
– O povo não pode ficar iludido de que vai ter grande redução. Como o preço do álcool subiu violentamente, pode até anular o reajuste da gasolina na refinaria – alerta Oliveira.
Análise semelhante faz o especialista Zulmir Tres, da Mestria Assessoria de Investimentos, que acompanhou, na manhã desta sexta-feira, a subida nas ações da Petrobras provocada pelo anúncio. Segundo ele, o motorista que utiliza gasolina quase não deve sentir a redução, mas o mercado consumidor de diesel pode ser mais impactado e, com isso, influenciar de volta a sociedade.
– Para o diesel, a mudança deve beneficiar principalmente o setor de transportes, que representa 60% das cargas que circulam no Brasil, reduzindo o valor da inflação de outros produtos e setores – conclui.