No dia em que o governo definiu a meta fiscal de 2017 em R$ 139 bilhões, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que, do ponto de vista da política monetária, é preciso olhar a área fiscal com perspectiva de médio prazo. E repetiu o que vem falando sobre o tema desde que assumiu o BC em 13 de junho.
– Se a política fiscal nos ajudar, o custo da política monetária será menor – afirmou.
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Goldfajn fez estas declarações durante entrevista à GloboNews, que foi gravada na tarde desta quinta, antes do anúncio da meta do ano que vem.
Goldfajn salientou que o déficit fiscal tem sido "difícil" e que dos R$ 170 bilhões do rombo previsto para este ano, R$ 140 bilhões foi causado por revisão de receitas. Ele enfatizou que é preciso observar também se as mudanças estruturas estão sendo colocadas. Como exemplo, citou que o teto de crescimento dos gastos públicos é uma ação que explicita o que não estava sendo falado nos últimos anos. Esta é uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que agora estará nas mãos do Congresso.
O presidente do BC questionou ainda que impostos podem subir no caso de não haver mais espaço para cortes.
– Vamos ter essa discussão todos os anos – previu.
Por isso, de acordo com ele, é preciso verificar o resultado fiscal de curto prazo, mas manter a perspectiva de médio prazo e averiguar quais são suas consequências, principalmente sobre as expectativas de inflação.
Dívida pública
Em relação à dívida pública, Goldfajn disse que há vários fatores que condicionam o ambiente da economia brasileira. Ele defendeu, no entanto, que a estabilidade da dívida é "fundamental".
– Não precisa ser imediata, dado que, de onde vem, vai ser difícil estabilizar no curto prazo, mas é preciso saber que vai se estabilizar num futuro não muito distante, em alguns anos – avaliou, acrescentando que essa relação da dívida com o Produto Interno Bruto (PIB) ainda subirá "por algum tempo".
Para o presidente do BC, também é importante saber que haverá recuperação das receitas em algum momento.
*Estadão Conteúdo