Na onda das críticas da oposição e das pílulas douradas oferecidas pelos aliados ao pacote de cortes e aumento de impostos, veio um apoio veloz da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Em nota, a entidade afirma compreender "a necessidade de complementar o corte das despesas com medidas temporárias de aumento de tributos".
Em reação a uma medida com potencial de reduzir a passagem de dinheiro pelos bancos, não é pouca coisa. Mas os banqueiros foram quase exceção no primeiro teste de receptividade ao pacote que amarra quase todos os trunfos do atual governo. Na bolsa e no mercado de câmbio, o dia foi benigno diante dos recentes sobressaltos, mas o pacote só foi embrulhado por completo depois do fechamento. A CPMF veio não cumulativa, compensada por redução do IOF, como defendiam até opositores do governo, mas não significa que será palatável.
Faltou ao anúncio um conjunto de mudanças que sustente o pedido da presidente Dilma Rousseff para que o Estado deixasse de ser tão "esnobe" e passasse a ser "modesto". Por exemplo, o muito esperado e sempre adiado corte de ministérios. Provocado, o titula da Fazenda, Joaquim Levy aproveitou para falar de um artefato do "saco de maldades" esboçado na Junta Orçamentária que não teve passagem liberada.
Ao sublinhar que a CPMF vem para sustentar o déficit da Previdência que vai passar de R$ 56,7 bilhões em 2014 para R$ 117 bilhões no fim de 2016 - alta de 106% em dois anos -, Levy mira no "seu" vilão. Mais ainda, disse que os brasileiros pagariam "dois centésimos" sobre o preço de cada sanduíche para sustentar a Loas (Lei Orgânica da Assistência Social), que dá aposentadoria a quem nunca contribuiu. Se tiver tempo, o ministro sinalizou seu próximo alvo: restrições severas a benefícios sociais e também aos partilhados.