Com o rebaixamento do 'rating' - nota de crédito - da dívida do Brasil de BBB- para BB+, a agência de avaliação de risco Standard & Poor's indicou que o país pode perder vaga no clube dos bons pagadores. A decisão foi publicada no site da agência no final da tarde de ontem. Com o rebaixamento, o Brasil passa a integrar, pelos critérios da S&P, o grupo dos países incluídos no chamado grau especulativo. A perspectiva da avaliação também é negativa. Na nota que justifica a medida, a agência cita o orçamento de 2016 com déficit, a crise política.
As notas de rating são usadas por investidores internacionais para avaliar o risco de comprar títulos de países, as chamadas dívidas soberanas. Também são essenciais para que fundos de pensão institucionais possam investir nesses países. Especialistas apontam, como consequência, risco de elevação da taxa de juro paga por empresas brasileiras que captam recursos no Exterior, fuga de capitais do Brasil, com consequente alta na cotação do dólar, e redução do fluxo de investimento internacional para o país.
Embora houvesse temor de que o Brasil pudesse vir a perder o grau de investimento, a medida da S&P surpreendeu pela velocidade. A agência também havia sido a primeira das agências a dar grau de investimento ao Brasil, em abril de 2008. Caso a decisão se restrinja a uma agência, pode não afetar de maneira drástica investimentos externos institucionais no Brasil. Como as outras duas maiores agências do mundo até agora - Fitch e Moody's - mantêm suas avaliações, a exigência de duas notas em grau de investimento que consta das regras da maioria desse tipo de instituição ainda pode ser considerada cumprida, embora não se saiba por quanto tempo.