Sim, poderia ter sido mais articulado o anúncio da intenção de corte de 10 dos 39 ministérios da Esplanada. Mas a essa altura, importa que chegou a hora de enxugar. Antes tarde e torto do que mais tarde. Agora, é entregar a promessa de redução das representações, que, avisou o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, obedecerá a critérios de gestão e políticos.
A questão é que o governo escolheu fazer o anúncio logo agora, quando está em amarração final no Planalto - nesta segunda foi vazada a informação de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participou de reuniões por telefone em Washington, no final da semana - um avantajado pacote de maldades, que prevê até aumento de impostos.
Se foi difícil passar as medidas de ajuste fiscal, fazer o Congresso - e a base aliada - engolir tamanha cápsula de veneno eleitoral será tarefa para quem levanta peso na articulação. E sem oferecer "corte na carne" em troca, então, seria virtualmente impossível.
É possível que o corte na Esplanada seja o sacrifício autoimposto para preparar o espírito para o que vem por aí. Nessa toada, a presidente Dilma Rousseff, em entrevista a jornais do centro do país, no final da tarde, fez outro gesto impensável antes da crise: disse que o governo errou ao ao só perceber que a crise econômica era muito maior do que se esperava entre novembro e dezembro do ano passado - depois que já havia sido reeleita. E adiantou outros "enxugamentos" da máquina, como uma eventual fusão entre a Apex e a ABDI.