Um relatório de investigação inédito, obtido pelo Jornal Nacional, aponta que a Petrobras ficou no prejuízo em contrato com a Braskem, empresa do Grupo Odebrecht.
A Braskem assinou um contrato em 2009 com a Petrobras para comprar nafta, produto para fazer plástico e comercializado apenas pela estatal. Porém, o negócio virou alvo de investigação em março deste ano. Uma comissão interna foi criada para estudar o contrato e concluiu que a estatal foi prejudicada, porque a Braskem acabou pagando um valor abaixo do preço de mercado.
Na época, Paulo Roberto Costa era diretor de Abastecimento, área responsável pela venda do produto. O documento afirma que houve pelo menos negligência de Paulo Roberto Costa e que isso levou ao favorecimento da Braskem, mas que "não foi possível calcular o tamanho do prejuízo causado à Petrobras".
Em depoimento à Polícia Federal, nesta semana, em Curitiba, Costa afirmou que nessa época a Braskem já pagava por ano um valor em torno de US$ 5 milhões ao Partido Progressista, sendo parte repassada a ele, Paulo Roberto.
O ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich negou as acusações e as classificou como ilações infundadas dos delatores da Lava-Jato. Segundo Grubisich, "o contrato mencionado na reportagem exibida ontem pelo Jornal Nacional foi tratada na gestão de seu sucessor em 2009, Bernardo Gradin". O ex-presidente da Braskem afirma não ter "nenhuma informação e conhecimento das condições do documento citado" e reforçou que, na sua gestão, não houve nenhuma alteração nos contratos de nafta que já existiam.
Em nota, a Braskem informou que os preços praticados nunca favoreceram a empresa e que, pelo contrário, sempre estiveram atrelados às referências internacionais mais caras do mundo com efeito negativo para a Braskem e para a competividade de toda a indústria petroquímica brasileira, como confirmam os dados do setor.
O advogado de Paulo Roberto Costa confirma o que o cliente disse sobre o pagamento de propina da Braskem.