A situação financeira do Estado deve exigir um longo tempo de ajustes, com controle estrito de gastos, projeta o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, que experimentou a receita do déficit zero durante alguns anos no Rio Grande do Sul. Nesta sexta-feira, Aod vai falar sobre o cenário global e nacional para convidados e sócios da Amcham Porto Alegre, às 8h30min, no Instituto Ling.
Avisa que não vai se estender muito sobre a situação do Estado desta vez, mas volta a Porto Alegre para debater o assunto em julho. À coluna, Aod disse não ver muitas alternativas para o Rio Grande do Sul a não ser um longo período de controle de gastos. Avalia que nem a venda de ativos teria efeitos duradouros para equilibrar as finanças do Estado, mas pondera que, dependendo dos alvos de privatização, poderia "secar fontes de gastos adicionais".
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Para o ex-secretário, hoje radicado em São Paulo, como sócio do banco BTG Pactual, não é só o Rio Grande do Sul que se ressente do excesso de gastos financiado com recursos extraordinários. Outros Estados e a União passam pelo mesmo processo. Aponta, ao menos, uma consequência positiva: a situação obriga a sociedade a discutir a responsabilidade de todos os agentes públicos e todos os poderes na solução do aperto.
No Brasil, Aod vê uma corrida contra o tempo para que o ajuste fiscal produza esforços antes da elevação do juro nos Estados Unidos. Como essa perspectiva está em todos os horizontes, prevê que pode exigir a mesma medida por aqui, ou seja, se hoje o juro sobe para conter a inflação, pode ter de aumentar ainda mais para reter capital estrangeiro. Por isso, projeta retração maior da atividade antes que o cenário comece a se desanuviar na economia brasileira.