Com o envolvimento de dois ex-presidentes do Banco Central - Gustavo Loyola e Afonso Celso Pastore -, além de nomes de peso de economistas como Bernard Appy e Alexandre Schwartsman, a controvérsia que tem como alvo a Fundação de Economia e Estatística (FEE) ganhou dimensão nacional.
Depois que postagens nas redes sociais do presidente, Igor Morais, e um estudo da entidade entraram na mira de feministas e do Conselho Regional de Economia, nesta segunda-feira surgiu um manifesto de apoio "aos pesquisadores da FEE, à própria instituição e seu presidente".
O manifesto tem 124 assinaturas - entre as quais 14 mulheres - e considera o estudo "tecnicamente bem fundamentado", por usar dados disponíveis na Pnad do IBGE, "fonte básica para quase todos os estudos microeconômicos no Brasil", e aplicar o modelo chamado "decomposição Oaxaca-Blinder", padrão na produção científica internacional.
Em resumo, o estudo da FEE afirma que a discriminação só responde por um terço da diferença salarial entre homens e mulheres. O restante viria da diferença de perfil entre os gêneros. O post não é comentado no manifesto de apoio.
O trabalho havia sido classificado por críticos como "ideológico", "tecnicamente falho" e "machista". O compartilhamento de um post, tachado de sexista e discriminatório. Um dos apoiadores de Morais mais conhecidos no Estado, Marcelo Portugal, professor da UFRGS, pondera que não se pode cometer "assassinato moral" da entidade e de seu presidente, que teve um "comportamento inapropriado" nas redes sociais", pelo qual pediu desculpas.
Avalia que o estudo não tem "viés ideológico nem erro técnico". Quem conhece a FEE vê, por trás da polêmica, uma disputa política para afastar o atual presidente. Ou, pelo menos, enfraquece-lo.