A discreta alta de 0,36% no indicador de atividade econômica do Banco Central seria um alento, não fossem todos os outros sinais apontando em direção contrária. É o primeiro número positivo depois de dois meses sucessivos de contração. Mas quem acompanha essa e outras variáveis não tem dúvidas.
- É só um ponto fora da curva - avalia Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central.
Do Banco Central do Fundo Monetário Internacional (FMI), o diagnóstico é unânime: se em 2014 o Brasil escapou por um triz da tinta vermelha, neste ano vai ficar marcado na batalha do paintball. As projeções variam de 0,5% a 1,5% de queda na economia. Mas se não é possível sonhar com retomada a curto prazo, não está fora de cenário que isso ocorra já em 2016, pondera Freitas.
- O governo teve de fazer o que não havia feito nos últimos anos e reajustou todos os preços de uma vez. Quando isso terminar, a inflação pode ceder, o juropode voltar a cair, aí melhora o humor - avalia.
Na próxima semana, adianta Freitas, a CNC deve apresentar dados detalhados de uma pesquisa de confiança com queda de 17% sobre o nível anterior, já baixo. E é essa a chave para a virada de clima na economia, a recuperação da confiança. Segundo o economista, a combinação entre a taxa de juro elevada e a demanda fraca vai fazer a inflação ceder. Se o ajuste fiscal der certo, a "transição", como Freitas classifica esse período, vai permitir a reversão das expectativas.