Em uma semana marcada por tensão política no Congresso e pelo agravamento do péssimo momento da economia brasileira, o dólar ultrapassou a barreira dos R$ 3 pela primeira vez em mais de 10 anos e a bolsa de valores caiu mais de 3%, ficando abaixo do patamar de 50 mil pontos. No caso da moeda americana, que nesta sexta-feira registrou valorização de 1,49% - encerrando o dia em R$ 3,0565 -, a disparada nos últimos cinco dias foi de 7%.
Além da expectativa pela divulgação da lista de políticos suspeitos de participação no esquema de desvios na Petrobras, enviada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira, os investidores tiveram ao menos duas notícias negativas para digerir nesta sexta-feira.
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Por aqui, o IBGE informou que a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), disparou 1,22% em fevereiro, puxada pelo aumento no preço da gasolina. Com o aumento, o IPCA acumula alta de 7,7% em 12 meses - bem acima do teto da meta do governo, de 6,5%. O cenário de elevação dos preços é preocupante e as perspectivas futuras não oferecem alento aos consumidores. Para março, a expectativa é de que a inflação siga pressionada, principalmente em razão dos reajustes nas tarifas de energia elétrica anunciados no final do mês passado.
Nos Estados Unidos, o governo divulgou os dados mais recentes do mercado de trabalho americano, que reforçam a recuperação da maior economia do mundo. Foram criadas quase 300 mil vagas de emprego no país em fevereiro, e a taxa de desemprego caiu para 5,5%, a menor desde meados de 2008 - pouco antes do estouro da crise econômica.
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Sempre que surgem informações positivas sobre a economia dos Estados Unidos, mercados emergentes são fortemente influenciados. A expectativa dos investidores é de que, com a recuperação do país, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) acelere o processo de elevação dos juros básicos. Com a alta das taxas, os títulos da dívida americana se tornam mais rentáveis, atraindo recursos hoje aplicados em países como o Brasil.