A disparada da principal moeda do mundo - que passou dos R$ 3 nesta quinta-feira - pode parecer algo distante, mas tem impacto no dia a dia. Da escolha do destino nas próximas férias ao vinho do final de semana, os hábitos diários devem ser afetados - se é que já não estão.
Veja como alguns setores da economia gaúcha reagem à oscilação cambial:
Vinhos
A alta do dólar é comemorada pela indústria que vê o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. Com os produtos de fora mais caro, a produção nacional também ganha espaço no mercado interno, aumentando as vendas. Mas a recente alta do dólar ainda não refletiu ainda no preço dos produtos. Como os embarques de produtos não são feitos diariamente - como é o caso de grãos, por exemplo - sofrem menos com oscilações diárias da moeda.
Móveis
A alta do dólar não causou impacto nos negócios, mas é vista com bons olhos pelo segmento, já que estimula a exportação de produtos. Um avanço mais expressivo da moeda americana, no entanto, não seria bem-vinda, pois a indústria traz muitos insumos de fora, como ferragens, por exemplo.
Viagens
A alta no preço dos pacotes internacionais é imediata, mas como a maioria das pessoas organiza suas viagens com alguns meses de antecedência, o efeito da alta do dólar nas últimas semanas é limitado. O impacto mais direto é na redução das compras. Para evitar perder clientes no segundo semestre, algumas companhias já trabalham com câmbio pré-fixado.
Calçados
A indústria de calçados é uma das que mais ganha com a alta do dólar, já que grande parte da produção é vendida no mercado internacional. O segmento torce por uma escalada ainda maior da moeda. Pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Indústrias de Calçados (Abicalçados) com empresários do setor sinaliza que o câmbio ideal seria de R$ 2,40. Os impactos no bolso do consumidor demoram em média seis meses, já que as coleções são compradas com esse período de antecedência.
Trigo
Cerca de 50% do trigo utilizado no Brasil hoje vem de outros países. No Rio Grande do Sul esse índice é ainda maior, chega a 70%. Se o dólar continuar em alta, o preço do pãozinho - e de outros produtos que utilizam o trigo como insumo - deve subir em 60 dias, tempo médio de duração dos estoques.
Fertilizantes
Cerca de 70% dos produtos são importados e o impacto nos preços deve ser imediato. O mesmo acontece com os defensores agrícolas.
Soja
O efeito no preço do grão é direto e imediato. A alta na cotação do dólar das últimas duas semanas deve impulsionar de 30% a 35% da produção desse ano, que ainda não teve a venda fechada. Com a ajuda do câmbio e da relativa escassez de soja no mercado americano, o preço da saca de 60kg subiu R$ 8,80 desde o início de maio.
Milho
A escalada da moeda americana também beneficia a produção de milho. Mas o efeito positivo no preço do produto será em grande parte limitado. A superprodução no Centro-Oeste empurra o valor da saca para baixo.
Eletroeletrônicos
A alta do dólar impacta diretamente no preço dos produtos importados. Mesmo equipamentos fabricados no Brasil sentem os reflexos do câmbio, já que vários componentes vêm do Exterior. Equipamentos mais baratos sobem mais, proporcionalmente, pois o ganho do varejo é menor.
Itens de limpeza
Como boa parte dos insumos são trazidos do Exterior, também podem ser afetados pela alta do dólar, embora de forma reduzida. O reajuste chega aos consumidores em cerca de dois meses quando se esgotarem os estoques dos supermercados e do comércio especializado.
Eletrodomésticos
A maioria dos produtos é fabricada no Brasil, mas como parte da cadeia de fornecimento está no Exterior também são impactados pela alta do dólar. No entanto, como as lojas têm estoque, o aumento dos preços pode demorar entre 30 e 60 dias para chegar ao bolso do
consumidor.
Roupas
produtos de inverno estão livres da alta do dólar porque as compras dos varejistas são normalmente feitas com antecipação de seis meses. Se o cenário de dólar alto
permanecer, as coleções de primavera-verão, podem ter impacto nos preços.