Entre descrições e detalhes de seu currículo acadêmico e profissional, o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, aproveitou seu pronunciamento na abertura do Fórum da Liberdade, que começou nesta segunda-feira e vai até terça, para criticar o momento econômico brasileiro. O evento está sendo realizado no Centro de Eventos da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs).
- Vivemos um período de trevas na economia - disse, logo após receber o prêmio Libertas.
Diferentemente da plateia, o governador Tarso Genro, que participa pela primeira vez do evento, organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais desde que assumiu o Palácio Piratini, não aplaudiu os ataques que o economista fez à condução econômica do governo Dilma.
Franco afirmou que o país está passando por um momento de "retrocesso", para acrescentar que espera "ser passageiro". Sem citar nomes, o homenageado, conhecido pela trajetória tucana, "profetizou" que o próximo presidente da República estaria presente no evento, levantando aplausos da plateia. Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à presidência, é um dos convidados desta edição.
O economista criticou aqueles que apontaram erros no Plano Real, implantado em julho de 1994. Citou que graças à nova moeda foi possível implantar metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante.
-É um tripé importante, mesmo que um grupo de pessoas não saiba exatamente o que representa - disse em clara crítica à equipe econômica do governo Dilma.
Franco relembrou o período de hiperinflação que assolou o país na década de 1980.
- O ponto mais inquietante da hiperinflação é que todos os políticos conseguem se afastar da própria imagem do fenômeno. Quem é o responsável? Eu participei de meia dúzia de CPIs que investigou o processo de estabilização, mas não lembro nenhuma que investigou a hiperinflação. Nesse sentido, a inflação foi um crime perfeito. Não há assassinos. Só cadáveres - comentou.
Bruno Zaffari, presidente do IEE, responsável pela organização do Fórum da Liberdade, saudou a presença do governador Tarso Genro "apesar das ideias divergentes", mas não deixou de criticar a "mão forte do Estado" durante o discurso de abertura do evento como um dos fatores que impedem o desenvolvimento econômico do país.