De olho na preferência dos jovens, Ricardo Meneguzzo transformou uma pequena fábrica de roupas fundada em 1974 ao lado do pai alfaiate, em uma indústria que produz 600 mil peças de jeans por ano, empregando 500 funcionários, em Erechim, no norte do Estado.
- Na década de 1980, o público juvenil procurava jeans e acabava comprando peças de marcas estrangeiras. Percebemos que no Brasil havia um nicho de mercado a explorar - conta.
As peças da JR Meneguzzo - JR de José Rovílio, pai de Ricardo -, levam hoje as marcas Index e Chopper às lojas do país, por meio de 47 representantes. Embora esteja presente em todos os Estados, a empresa mantém o foco no consumidor gaúcho.
- Não acreditamos na história de que santo de casa não faz milagres - brinca Ricardo, que à época do início do negócio tinha 21 anos e hoje dirige a empresa ainda familiar.
A irmã, Regina, é a diretora de desenvolvimento de produto e o filho Igor tornou-se gerente nacional de vendas da Index.
Cerca de 30% de tudo que é fabricado na indústria é vendido no Estado. Outros 15% em São Paulo. Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso também são mercados importantes.
Até a década de 1990, a fábrica colocava o próprio nome nas peças que confeccionava. Mas Ricardo achava "JR Meneguzzo" muito masculino. Era preciso algo mais forte, inédito e de maior abrangência, para agradar especialmente às mulheres. Regina viajou para a Europa em busca de inspiração. O desafio era batizar uma nova marca.
- Pedi para ela prestar atenção em nomes de cidades, ruas, rios, plantas. No quinto dia, ela ligou dizendo que não havia achado nada. Perguntei como estava procurando e ela respondeu que pesquisava no 'index', que significa índice. Pensei: 'taí, gostei'. Registramos e começamos a trabalhar - lembra Ricardo.
Da sala alugada na década de 1970 às duas plantas industriais localizadas em Erechim, que somam cerca de 10 mil metros quadrados de estrutura, a JR Meneguzzo percorreu um longo caminho. Desde o princípio, uma premissa era inovar para manter o jeans alinhado às tendências de cada época. Duas vezes por ano, os estilistas do departamento de desenvolvimento de produto viajam à Europa e aos Estados Unidos para pesquisar. Embora terceirize a produção de alguns itens - bolsas, cintos, carteiras, blusas e camisetas -, a JR Meneguzzo não abre mão de produzir as calças jeans nas fábricas do Rio Grande do Sul.
Nos anos 2000, adquiriu a Chopper, empresa carioca - conhecida principalmente pelos vestidos femininos - bem conhecida na década de 1980. Sob novo comando, a marca foi redirecionada para calças de denim - matéria-prima do jeans. Atualmente, as fábricas produzem para as duas marcas. Em 2004, também comprou a gaúcha Tchoin, voltada ao público jovem, mas ainda não está confeccionando peças com essa assinatura.
A produção da JR Meneguzzo é vendida em mais de 1,5 mil pontos no país, garantindo faturamento de R$ 55 milhões em 2013, com projeção de atingir R$ 60 milhões em 2014. Há três anos, a empresa inaugurou a primeira (e única) loja própria, no BarraShoppingSul, em Porto Alegre:
- Nosso DNA é a indústria. Essa é uma tentativa de entrarmos no varejo. Queremos medir a febre - diz.
Tem dado certo. Segundo o diretor, está nos planos adotar o sistema de franquias e instalar no país mais 50 lojas similares a da Capital.
Mulheres compram 80% da produção
As mulheres são o principal público da JR Meneguzzo. São elas que vestem 80% das peças que saem da fábrica gaúcha e também é com modelos femininos que a empresa ocupa a maior parte de seus catálogos.
- Temos a qualidade como prerrogativa, mas nosso diferencial competitivo é a modelagem - reforça o diretor, Ricardo Meneguzzo.
Seja em modelos skinny, saruel, pantalona, cigarrette ou boyfriend, o que importa para agradá-las é o ajuste perfeito.
- Quando uma mulher veste um jeans, se olha no espelho e, se considera bonito, ela compra. Temos isso em mente nas nossas estratégias de mercado - diz Ricardo.
Perfil
Ano de fundação: 1974
Localização: Erechim
Unidades: duas fábricas em Erechim e uma loja própria, localizada em Porto Alegre. As peças também são vendidas, por meio de 47 representantes comerciais, ao comércio de todo o Brasil
Número de funcionários: 500
Mercado: presente em lojas do país
Faturamento em 2013: R$ 55 milhões
Faturamento previsto 2014: R$ 60 milhões
Exportações: não tem, "por decisão estratégica"