O fluxo cambial fechou 2013 pela primeira vez no terreno negativo desde a crise de 2008, conforme dados apresentados nesta quarta-feira pelo Banco Central. Pelos números, a saída de recursos no ano passado foi de US$ 12,26 bilhões.
No encerramento do ano passado, o saldo ficou positivo em US$ 16,7 bilhões. Em 2011, a quantia de US$ 65,3 bilhões tinha sido a melhor desde 2007 e, em 2010, o resultado havia sido de US$ 24,3 bilhões. Em 2009, o saldo voltou a ser positivo (US$ 28,7 bilhões), depois de registrar saídas de US$ 983 milhões em 2008.
O resultado fechado de 2013 é o pior desde 2002, quando a saída de capitais do país foi de US$ 12,9 bilhões; em 1998, de US$ 14,5 bilhões e, em 1999, de US$ 16,1 bilhões. Nos nove primeiros meses do ano passado, o fluxo cambial estava positivo em US$ 2,238 bilhões, mas houve uma reversão da tendência em setembro, que acabou sendo acentuada em outubro.
O saldo acumulado de 2013 é resultado de um total positivo de US$ 11,136 bilhões no segmento comercial e negativo em US$ 23,396 bilhões na área financeira. Apesar desse vazamento pela área financeira, representantes do BC têm minimizado a reversão dos números para o terreno negativo e assegurado que não há fuga de capitais do país.
Dezembro
O último mês do ano, tradicionalmente conhecido pela saída de recursos, fechou com saldo negativo de US$ 8,78 bilhões do fluxo cambial. Pelos dados, esse foi o pior dezembro da série histórica iniciada em 1982. Também foi a maior saída de recursos mensal desde setembro de 1998, quando ficou em US$ 18,91 bilhões.
A maior fuga de recursos no último mês de um ano tinha sido em 2012 (US$ 6,8 bilhões), mas nos dois anos anteriores também o resultado ficou no vermelho: US$ 2 bilhões em 2011 e US$ 1,9 bilhão.
Com o resultado fechado de dezembro, o saldo voltou a ficar negativo depois de registrar entradas de US$ 2,54 bilhões em novembro. Naquele mês, houve o rompimento da trajetória de cinco meses consecutivos em que as saídas de dólares superaram as entradas. Para se ter uma ideia, em outubro foi registrado o maior fluxo negativo do ano até então, de US$ 6,2 bilhões. Montante tão grande que se esvaiu do país havia sido visto apenas em dezembro do ano passado.
Desde o início do ano, o fluxo só foi positivo nos meses de março (US$ 391 milhões), abril (US$ 3,51 bilhões) e maio (US$ 10,75 bilhões). Em todos os outros, a conta fechou no vermelho, com a maior saída, até então, sendo verificada em agosto (US$ 5,85 bilhões) e a menor, em fevereiro (US$ 105 milhões).