Na tentativa de driblar a medida do governo federal que há um mês elevou de 0,38% para 6,38% o Imposto sobre Movimentações Financeiras (IOF) dos cartões pré-pagos, turistas com viagem marcada para outros países voltaram adquirir dólar e euro em espécie para as compras no Exterior. Como resultado, o papel-moeda escasseou nos últimos dias em casas de câmbio da Capital.
Dez empresas ouvidas por Zero Hora foram unânimes em relatar que a procura pelos pré-pagos, que já foram o carro-chefe dos negócios, caiu entre 80% e 90%. Três das dez casas de câmbio relataram falta pontual de dinheiro vivo.
O problema, diz o presidente da Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio (Abracam), Tulio dos Santos Ferreira Junior, ocorreu pelo aumento repentino da procura após a elevação do tributo e se agravou pela proibição do transporte aéreo de valores no país em aviões de passageiros, o que causou desabastecimento em Porto Alegre e outras praças no Norte e Nordeste.
- Mas a situação deve se normalizar nos próximos dias - avalia Ferreira Junior.
A tributação maior integra uma série de medidas do governo para frear a saída de dólares que tem impactado o câmbio no Brasil. Mesmo assim, os gastos dos brasileiros no Exterior chegaram a inéditos US$ 25,3 bilhões ano passado. O rombo nas contas externas, por sua vez, também foi recorde e bateu nos US$ 81,4 bilhões.
- Essa medida específica não gera nenhum efeito do ponto de vista do fluxo de dólares. Mesmo com o dólar muito valorizado, as pessoas estão viajando. Se o governo tributa determinado meio de pagamento as pessoas migram e se adaptam a outro - critica o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria.