O resultado da produção industrial de outubro surpreendeu positivamente ao subir 0,6%, avalia a economista-chefe da consultoria Rosenberg, Thaís Zara. De acordo com a analista, caso o dado dos meses de novembro e dezembro seja de estabilidade, a produção industrial do quarto trimestre irá subir 1% na comparação com o terceiro. Para a economista, é factível esperar estabilidade para os últimos dois meses do ano.
- Preliminarmente espero até um pequeno crescimento em novembro - afirmou.
- O resultado de outubro foi bom, veio acima do que estávamos esperando, que era um crescimento de 0,2% - aponta.
Thaís avalia, no entanto, que o bom resultado não é suficiente ainda para recuperar a queda de 2,5% de julho e o cenário é de certa volatilidade.
O cenário para a produção industrial brasileira não deve ter tendência de crescimento no longo prazo e tende a continuar instável, avaliou a economista do Banco ABC Brasil Mariana Hauer.
- Os dados continuam voláteis, não se vê tendência de longo prazo - afirmou.
De acordo com a economista, apesar de o resultado de hoje ter vindo bem acima das estimativas do banco, ainda não há perspectiva de alteração nas projeções para o fechamento da produção industrial no ano.
- Estávamos esperando um resultado de -0,6%. Mas, por enquanto, vamos manter a projeção para alta de 1,8% no fim de 2013 - afirmou.
Segundo Mariana, o grande destaque quando se analisa a comparação mensal foi o desempenho de bens semiduráveis e não duráveis, "que teve um crescimento próximo de 1%." A economista lembrou também que o segmento de bens de capital, que registrou alta de 0,6% em outubro ante setembro, é o destaque não só do mês como na comparação anual, com aumento em relação a outubro de 2012 de 18,8%.
- No mês, a expansão de bens de capital vem principalmente de construção civil - observou.
Na avaliação do economista-sênior do banco de investimento Besi Brasil, Flávio Serrano, o crescimento da produção industrial em outubro confirma uma trajetória de ligeira recuperação da atividade econômica no quarto trimestre de 2013, frente ao terceiro, quando houve queda de 0,5%, na margem.
Para ele, a chance de um resultado positivo é maior, "mas tem todo um trimestre para avaliar. De novembro, não temos nada, a não ser o índice PMI da indústria, que veio mais fraco", ponderou.
O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial brasileiro caiu para 49,7 em novembro, de 50,2 em outubro, conforme informou na terça-feira, o banco HSBC. Nesta manhã, após a produção industrial medida pelo IBGE, saiu o PMI de serviços, com ligeira alta a 52,3, ante 52,1.
Serrano afirmou que a esperada recuperação, na margem, está relacionada a mudanças na indústria no sentido de se preparar para o ano que vem.
- É natural algum ajuste, especialmente porque vai haver mudanças importantes em indústrias como a automobilística, que tentará acumular estoques para o início de 2014 - disse.
Por outro lado, Serrano salienta que esse movimento pode criar uma "dinâmica de arrefecimento" no primeiro trimestre do ano que vem.