O chamado gargalo de mão de obra é tão crítico em alguns setores da economia brasileira que, nos últimos tempos, companhias nacionais têm carimbado passaporte para tentar atrair profissionais do Exterior. Só na Espanha, onde uma em cada quatro pessoas ainda está desempregada, as brasileiras mais que dobraram a absorção de profissionais bem qualificados em cinco anos.
Qualquer pesquisa feita com dirigentes de empresas mostra não só vagas em aberto, mas a acentuada - e crescente - dificuldade em preenchê-las. As razões da situação não serão resolvidas em pouco tempo: a ainda baixa escolarização e o fato de a tecnologia ter avançado rápido demais, o que deixou muitos sem condições de acompanhá-la no mesmo ritmo. Por isso, o governo - em todos os seus níveis - deveria centrar ainda mais esforço nos chamados cursos profissionalizantes, com boa carga de informação técnica.
Nesta segunda-feira, estudo da Confederação Nacional da Indústria revelou, por exemplo, a crescente dificuldade para encontrar profissionais de nível técnico e operadores. A falta de trabalhador qualificado é um problema que já atinge preocupantes 65% das empresas industriais brasileiras, especialmente dos segmentos extrativo e de transformação. E o problema só não é maior porque os índices de crescimento do setor foram muito pequenos nos últimos anos, mas já afeta, de forma expressiva, a busca pela eficiência e a redução de desperdícios. Quando retornarmos a um patamar mais acelerado, será literalmente um Deus nos acuda.
Sabe-se, no entanto, que se o fraco quadro da educação brasileira não for revertido não teremos lá uma mudança significativa à vista. Este é o grande desafio colocado à mesa de discussão. Em 2014, com a campanha eleitoral, voltará ao centro das propostas. Só não pode ser esquecido depois de outubro. A conferir.