A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, controlada pelos republicanos, votará na próxima semana o aumento temporário do limite da dívida por três meses, disse nesta sexta-feira o líder da maioria republicana. Em troca, os republicanos exigem dos democratas, que controlam o Senado, grandes cortes do gasto público, e ameaçam bloquear o pagamento de salários de todos os membros do Congresso se não houver acordo.
A medida busca desativar uma potencial bomba-relógio que o Congresso e a Casa Branca podem enfrentar no final de fevereiro, com a convergência de vários desafios fiscais: atingir o teto da dívida da nação, a ameaça de cortes automáticos do gasto federal e o debate sobre o orçamento.
"Na próxima semana vamos autorizar um período de três meses de aumento temporário do limite da dívida para dar ao Senado e à Câmara tempo de aprovar o orçamento", disse o líder da maioria republicana, Eric Cantor, em um comunicado. "Se então o Senado ou a Câmara não aprovarem um orçamento, os membros do Congresso não serão pagos pelo povo norte-americano por não fazer seu trabalho. Não há orçamento, não há pagamento", acrescentou.
O presidente Barack Obama declarou que não usaria a extensão do limite da dívida como um elemento de negociação para o orçamento e pediu ao Congresso que aprove o aumento deste teto para que o governo possa cumprir suas obrigações.
- Não somos uma nação de maus pagadores - disse o presidente na segunda-feira. - Apesar de ter vontade de (alcançar) compromissos e encontrar entendimentos sobre como reduzir nossos déficits, os Estados Unidos não podem permitir outro debate com este Congresso sobre se deve ou não pagar as contas que já gerou - enfatizou o presidente em alusão a uma discussão similar em 2011, que pôs o país à beira do default e o fez perder a nota máxima da agência S&P para sua dívida soberana.
Esse movimento por parte dos republicanos - anunciado após dois dias fora de Washington - é visto por alguns funcionários do governo como uma concessão e como um sinal da pressão que os deputados opositores sentem frente à possibilidade de se tornarem responsáveis por conduzir o governo a um default. É "reconfortante" ver os republicanos "abandonar suas ameaças de tomar nossa economia como refém", disse o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid.
- Se a Câmara pode aprovar um aumento limpo (sem armadilhas) do teto da dívida para evitar o default e permitir aos Estados Unidos cumprir com suas obrigações já contraídas, estaremos felizes de considerar isso - disse o porta-voz de Reid, Adam Jentleson, em uma declaração. - É um assunto muito importante para a segurança econômica das famílias de classe média para usá-lo de forma estratégica para cobrar um resgate.
O congressista Paul Ryan, presidente da poderosa comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados e companheiro de chapa do republicano Mitt Romney nas eleições, apoiou a proposta, mas insistiu que o Senado deve aprovar uma lei orçamentária sobre os gastos públicos. Qualquer acordo que permita ampliar temporariamente o teto da dívida "está no fato de reconhecer que nosso desafio é duplo: temos que pagar nossas contas hoje e assegurar que possamos pagar nossas contas amanhã", disse Ryan.