A crise da Doux Frangosul está perto de um desfecho, avaliam fontes próximas da empresa e líderes do setor.
Enquanto a unidade de suínos em Caxias do Sul e toda a parte de fomento aos produtores é, desde março, administrada pela Brasil Foods (BRF), as operações de frango devem ser vendidas em breve para o grupo JBS.
O abate de aves foi suspenso pela Doux, mas as etapas anteriores ligadas à produção não foram paralisadas, o que indica a possibilidade de retomada rápida, avalia o presidente da União Brasileira de Avicultura, Francisco Turra, que na terça-feira conversou com um diretor da empresa.
- Produção e exportação foram suspensas, mas permanece a parte genética, de produção de ovos férteis e pintos - relata o dirigente.
Para Turra, a compra faz sentido para o grupo JBS, um dos líderes mundiais em processamento de carnes.
No caso da unidade de suínos, a BRF está à frente da operação e começou a pagar os atrasados dos produtores integrados, mas ainda resta resolver a restrição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) à aquisição da planta devido à concentração de mercado.
No pagamento feito aos suinocultores, o depósito aparece como feito pela BRF. A nota da entrega dos animais na indústria, porém, segue em nome da Doux.
- A questão do Cade fica em segundo plano. Não podemos parar a unidade e prejudicar os produtores - opina Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.
Problemas começaram entre 2004 e 2005
Segundo fonte familiarizada com a empresa, os problemas financeiros da Doux tiveram início entre 2004 e 2005, quando a companhia no Brasil enviava produção para a matriz, na França, mas não recebia o pagamento.
A situação foi agravada por perdas da Doux relacionadas à disparada do dólar no fim de 2008 e à continuidade da política da controladora, ainda mais debilitada pela crise global.
Se nos suínos a situação melhorou, os criadores de frangos ainda esperam solução. A unidade de abate em Passo Fundo está parada, assim como a de Montenegro.
Com R$ 40 mil por receber, o produtor Edemir Rosso em Passo Fundo, fechou as portas do aviário há dois meses. Agora, aguarda com expectativa a possível venda da Doux para tentar recuperar o investimento:
- Estamos cheio de promessas, mas carentes de solução. Só queremos receber para voltar ao trabalho.
*caio.cigana@zerohora.com.br
Portas fechadas
Doux deve vender operações de frango para o grupo JBS
Em crise, unidades de abate da empresa em Passo Fundo e Montenegro estão paradas
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