Em discussão no Senado, a unificação do percentual de ICMS sobre produtos importados entre os portos tende a devolver a Rio Grande cargas que migraram para Itajaí.
Com alíquota de 3,4%, o terminal catarinense teve um salto de 681% nas importações entre 2004 e 2011.
No mesmo período, Rio Grande - que cobra 12% - aumentou o volume de mercadorias em 121%. Proposta que tramita no Senado estabelece alíquota única de 4% de ICMS nas operações interestaduais de produtos importados. Com isso, acaba a chamada guerra dos portos, deflagrada para aumentar a arrecadação.
Se a medida for aprovada, produtos da indústria petroquímica, têxtil, metalmecânica e de autopeças poderão voltar a entrar em maior volume pelo terminal gaúcho.
Apesar da resistência de Estados que concedem benefícios, como Santa Catarina e Espírito Santo, o governo federal quer a aprovação urgente da proposta. Ontem, a resolução foi apreciada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, onde teve pedido de vista. Com isso, a votação foi adiada para a próxima semana.
A possível unificação da tarifa de ICMS irá beneficiar o porto de Rio Grande e a indústria gaúcha. A medida acabará com um subterfúgio de Estados de baixar o valor da importação e cobrá-lo na hora de transferir para outro comprador.
Dessa forma, explica o secretário estadual da Fazenda, Odir Tonollier, Santa Catarina não poderá mais importar um produto cobrando menos ICMS e, ao vendê-lo ao Rio Grande do Sul, incluir o imposto na nota.
Conforme o secretário, produtos como resinas plásticas e outros componentes acabavam importados por Santa Catarina e resultavam em altos preços para o comprador.
Com o fim da guerra dos portos, será possível também atrair novos clientes para a Metade Sul. Hoje, indústrias do norte gaúcho, de setores como metalmecânico e autopeças, optam pelos terminais catarinenses para trazer produtos.
Uma das dificuldades para terminar com a distorção é a perda dos Estados que concedem benefícios. Santa Catarina e Espírito Santo, por exemplo, exigem compensação para aceitar a alíquota unificada.
O incentivo à importação contraria os recentes esforços do governo federal para evitar competição desleal com a indústria nacional.
Embora seja defendida pelos Estados que promovem a redução de tributos para importação como geradora de emprego, a medida é atacada pela Federação das Indústrias de São Paulo, que calcula em 1 milhão de empregos a perda de vagas com esse tipo de iniciativa.
A queixa é a de que a redução de impostos sobre importados cria emprego no entorno dos portos, mas destrói postos de trabalho nas linhas de produção nacionais.
Guerra dos portos
Unificação de ICMS sobre produtos importados tende a beneficiar Rio Grande
Terminal gaúcho perde cargas para Santa Catarina e Espírito Santo, que concedem benefícios fiscais
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