
A comercialização de terneiros nos remates de outono confirma a expectativa que o setor tinha no início do ano, de vendas maiores do que em 2018. Como ainda há leilões previstos, é precipitado prever o preço médio da temporada, mas especialistas notam valorização dos machos e das fêmeas. O quilo do macho está variando de R$ 6 a R$ 7,22 na temporada. No ano passado, conforme o Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Estado (Sindiler-RS), o preço ficou em R$ 5,82.
A venda de terneiras também teve incremento. O consultor Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária, explica que o quilo da fêmea, que geralmente fica entre 10% e 20% abaixo do terneiro, nesta temporada mostra igualdade ou até valorização em algumas feiras.
— Isso sugere interesse do pecuarista no investimento em cria, comprando terneiras para ter mais vacas em produção no seu rebanho — comenta Velloso.
O valor dos remates é calculado sobre o preço do boi adulto. O criador estima os custos para engordar o terneiro e por quanto conseguirá vendê-lo. Em geral, o preço dos terneiros é de 15% a 20% maior do que o boi gordo.
— Um terneiro é comprado com seis a oito meses pesando de 150 quilos a 250 quilos. Idade e peso que o boi será vendido varia, mas o mais comum é de 12 a 24 meses com peso até 550 quilos — detalha o consultor.
PISTA LIMPA, SINAL DE BONS NEGÓCIOS
Presidente da Comissão de Exposições e Feiras da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Francisco Schardong destaca que muitos leilões resultam em pista limpa, sinal de bons negócios.
— O mercado de carne bovina está aquecido. Houve uma melhora geral na pecuária.
A estimativa do presidente do Sindiler-RS, Jarbas Knorr, é de que a média, ao fim da temporada, fique entre R$ 6,10 e R$ 6,20. Para ele, dois motivos têm contribuído para o aumento do preço em relação a 2018. Um deles é a epidemia de peste suína africana que está dizimando rebanhos de suínos na China. O país que mais produz e mais consome esse tipo de carne terá de recorrer a outras proteínas para suprir a demanda, gerando expectativa de impulsionamento do mercado bovino brasileiro.
Outra explicação é a possibilidade, anunciada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, de os Estados Unidos voltarem a liberar a entrada da carne in natura brasileira no país. Economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz lembra que, além da perspectiva de aumento nas exportações para China e demais países afetados pelo surto, há reação no consumo interno em relação a 2018.
— Ano passado tivemos enfraquecimento das vendas de carne bovina dentro do país. Em 2019, melhorou a demanda aqui e se criou uma expectativa muito forte de exportação. São coisas parecidas, mas com grandezas muito diferentes que elevaram os preços.
Conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as exportações de carne bovina cresceram 12% em volume no primeiro quadrimestre de 2019 (veja quadro abaixo), puxada em boa parte pela categoria carne in natura, que teve o melhor resultado para um mês de abril desde 1997, quando foi iniciada a série histórica. Em abril de 2019, as exportações dessa categoria somaram 109,8 mil toneladas, alta de 56,7% em relação ao mesmo mês de 2018.
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE BOVINA
Janeiro a abril 2018 2019
Toneladas 482.114 538.523
Dólares 1,9 bilhão 2,01 bilhões
Fonte: Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec)