Com menos de 5% das áreas de milho e de soja irrigadas, e diante de estiagem após anos seguidos de safra cheia, o Rio Grande do Sul despertou para a necessidade de aumentar o percentual de lavouras com condições de enfrentar a falta de chuva. O movimento em busca de equipamentos de irrigação é visto na Expodireto-Cotrijal, em Não-Me-Toque, onde fabricantes do setor projetam aumento significativo das vendas em relação ao ano passado.
Produtor no sul do Estado, Jaime Eduardo Moraes Dias foi à feira comprar um pivô para irrigar inicialmente 110 hectares – cerca de 15% da área total cultivada com soja, de 750 hectares em Piratini e Canguçu.
– Essa situação nos encorajou a investir. Para as minhas lavouras está sendo uma das secas mais severas da história, pior do que a de 2005 – relata Dias.
Com falta de chuva por 45 dias, do começo de janeiro até meados de fevereiro, o agricultor não espera colher mais do que 15 sacas por hectare. Na safra passada, alcançou rendimento médio de 60 sacas por hectare.
– Não temos outro caminho, a não ser priorizar a irrigação daqui para frente – admite Dias.
A diferença de produtividade entre lavouras de sequeiro e irrigada, em torno de 30% em anos de clima favorável, fica ainda mais evidente em safras com problemas climáticos.
– Em época de seca, a diferença entre irrigar e não irrigar mais do que dobra – calcula Marcelo Costanzi, superintendente de vendas da Valley na Região Sul.
A fabricante, líder do setor no mercado brasileiro, prevê mais do que dobrar as vendas na Expodireto, na comparação com a edição passada. A mesma percepção é vista na Fockinck, fabricante de Panambi, líder no mercado gaúcho. A indústria projeta crescimento de até 40% nos negócios encaminhados na feira – grande parte por meio de financiamento.
– O mercado estava parado até o final fevereiro. Agora, reacendeu novamente – diz Siegfried Kwast, diretor superintendente da indústria.
Além do agravamento da estiagem na Metade Sul, o executivo atribui o maior interesse pela tecnologia à reação do preço da soja no mercado internacional – puxada pela seca na Argentina. Presidente da Câmara Setorial de Irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Marcus Tessler chama a atenção para a relação entre irrigação e garantia de fluxo de caixa.
– Não há como controlar o tempo, mas a produtividade sim. Irrigando, o produtor consegue garantir o rendimento, em anos de preços altos ou baixos, de estiagem ou não – compara Tessler.
Para o ano, a entidade calcula que o mercado brasileiro de irrigação cresça de 10% a 12%.
– Há muito espaço para expandir ainda – completa o dirigente.