Em uma final eletrizante, decidida na última paleteada e com animal favorito desclassificado na penúltima prova, ginetes e cabanhas campeãs pela primeira vez confirmaram a renovação do Freio de Ouro – principal competição da raça crioula no Brasil. Diante de uma arena lotada, com cerca de 15 mil pessoas, os competidores fizeram o público vibrar e se emocionar durante a Expointer, em Esteio.
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Grande campeã entre as fêmeas, a Capanegra Quinta Sinfonia confirmou o favoritismo conquistado desde o início das disputas funcionais, na sexta-feira. Na dianteira desde então, a égua classificou-se para o domingo com a maior pontuação.
– Foi o animal que mostrou maior capacidade, habilidade e docilidade no transcorrer de todas as etapas – disse André Luiz Narciso Rosa, jurado das fêmeas.
Na prova de mangueira, a égua arrancou vibrações do público que já apostava no título inédito do animal, montado pelo ginete Eduardo Weber de Quadros, 29 anos. Estreante na final do Freio de Ouro, competição organizada pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos o ginete natural de Carazinho mostrou concentração e equilíbrio emocional em todas as provas.
– Treino cavalos desde os 14 anos. Chegar aqui pela primeira vez e ganhar é muito mais do que esperava – disse o ginete.
Criada pelas cabanhas Capanegra, de Dom Pedrito, e Gameleira, de Goiânia (GO), a égua é filha de um cavalo que por pouco não ganhou um Freio de Ouro, o Capanegra Jacarta, morto no ano passado.
– Ela (égua) teve muito mais sorte do que o pai, que chegou muito perto do título mas nunca ganhou – recorda Fernando Pons, proprietário da Capanegra, que cria cavalos crioulos há mais de 40 anos.
Com metade do animal vendido para a Cabanha Gameleira, na Expointer do ano passado, a égua também fez história ao compartilhar o título com criadores do Centro-Oeste:
– Acreditávamos muito nessa égua e no ginete, foi uma dupla perfeita – disse Victor Penner, proprietário da cabanha goiana.
Reviravolta na disputa entre os machos
Se entre as fêmeas o favoritismo foi confirmado nas disputas finais, entre os machos o campeão despontou somente na última prova, a de campo. No 11º lugar entre os 14 conjuntos classificados para o domingo, PN Cambiasso desbancou os adversários na tradicional paleteada.
– A prova de campo, com o gado, foi determinante – avaliou Luiz Alberto Martins, jurado dos machos.
Montado pelo ginete Adriano Comunelo, natural de Viamão, o cavalo participou pela segunda final consecutiva do Freio. No ano passado, o conjunto conquistou o quarto lugar.
– É a realização de um sonho. Já tínhamos chegado muito perto – disse Comunelo, 32 anos.
Criado pela Cabanha Positivo, de Portão, o cavalo é filho da égua Santa Elba Señuelo, que sagrou outros filhos grandes campeões.
– É o resultado de uma genética excepcional. O PN Cambiasso é domingueiro: quando chega no domingo ele faz diferente – comemorou Jonas Leopoldino de Souza, proprietário da cabanha, que investe na raça crioula há 10 anos.
Favorito eliminado por sangramento
Na dianteira da competição, e nas graças do público, o cavalo Esteio JB de Palermo foi eliminado na penúltima prova, a de Bayard/Sarmento, a tradicional esbarrada. Após o ginete Claudio Correia, 54 anos, concluir com êxito a etapa, os jurados identificaram um sangramento em uma das patas. Pelo regulamento da competição, seguindo práticas de bem-estar, o animal que tiver qualquer ferimento não pode continuar competindo. A regra é aplicada pelo segundo ano:
– Ninguém gosta de eliminar um competidor. Sentimos muito, como todos, mas o regulamento é claro e precisamos segui-lo – disse o jurado Luiz Alberto Martins.
Quando a eliminação foi anunciada, o ginete veterano não conteve as lágrimas, levando o chapéu ao rosto antes de deixar a pista. Muito aplaudido pelo público visivelmente decepcionado, o cavalo abandonou a competição. Esse foi o terceiro ano em que o cavalo chegou a uma final da competição. Em 2015 ficou em 9º lugar e no ano passado, em 8º lugar. Ao final da prova, os competidores dedicaram a vitória ao ginete Claudio Correia, que prometeu voltar a competir em 2018.
FÊMEAS
Capanegra Quinta Sinfonia
Cabanha Capanegra, de Dom Pedrito, e Cabanha Gameleira, de Goiânia (GO)
Ginete: Eduardo Weber de Quadros
Média: 22,033
Freio de Prata
Jeitosa do Mano a Mano
Cabanha Carpe Diem, de Fazenda Vila Nova
Ginete: Daniel Waihrich Teixeira
Média: 20,822
Freio de Bronze
BT Basteira
Reconquista Agropecuária, de Alegrete
Ginete: Daniel Waihrich Teixeira
Média: 20,724
MACHOS
Freio de Ouro
PN Cambiasso
Cabanha Positivo, de Portão
Ginete: Adriano Comunelo
Média: 20,812
Freio de Prata
La Castellana Esplendor
Cabanhas Iguariaçá, Descanso e Fama, de São Borja
Ginete: Cláudio dos Santos Fagundes
Média: 20,804
Freio de Bronze
Peñarol da Boa vista Cabanha Boa Vista, de Vacaria
Ginete: Fábio Teixeira da Silveira
Média: 20,509
Ginete destaque do ano
Fábio Teixeira da Silveira