A insatisfação feminina com a imagem corporal, fruto de comparações com outras mulheres, tem nome e sobrenome novos, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista de artigos científicos Body Image. Se em outras épocas o "corpo ideal" era similar ao de modelos como Kate Moss, agora são mulheres como Beyoncé e Kim Kardashian que estão impondo um novo padrão de beleza desejado — e podendo frustrar muita gente.
O trabalho das pesquisadoras Sarah McComb e Jennifer Mills, ambas da Universidade de York, em Toronto, no Canadá, sugere que a visão de corpo ideal das mulheres está migrando do corpo magro para o "corpo violão", o que talvez seja mais prejudicial à imagem corporal das mulheres do que o ideal de magreza. A imagem corporal é a representação mental que cada indivíduo faz de seu próprio corpo.
"Modelos com nádegas e coxas grandes não oferecem um ideal de corpo mais saudável ou mais realista, mas podem realmente ser o tipo de corpo mais prejudicial para a imagem corporal das mulheres", afirmaram as autoras ao jornal Daily Mail.
O estudo
As pesquisadoras recrutaram 402 alunas de graduação, com idades entre 18 e 25 anos, para analisar os impactos que fotos no Instagram contendo os seguintes tipos de corpos causavam nelas: o "corpo violão", com nádegas e coxas grandes, cintura pequena e barriga lisa, o corpo magro, com barriga lisa e cintura pequena, e o corpo mais tonificado, definido com músculos. As pesquisadoras pediram para que as voluntárias se comparassem com o que viram nas imagens.
Uma parte dessas mulheres ficou em um grupo controle, em que analisaram fotos de decoração e móveis. Para o outro grupo, foram apresentadas fotos de uma das três silhuetas alvo de análise.
"Os resultados revelaram que aquelas expostas a imagens de 'corpo violão' experimentaram mais insatisfação com o peso e aparência e menos satisfação com o corpo do que aquelas na condição ideal de magreza", escreveram as pesquisadoras no estudo.
"Concluiu-se que o desejo de atingir os ideais corporais está mudando para um corpo magro e curvilíneo, o que talvez seja mais prejudicial à imagem corporal das mulheres do que a imagem ideal de magreza", escreveram as pesquisadoras no resumo de apresentação do trabalho.
O peso das redes sociais é indiscutível para essa mudança, alertaram as autoras. Silhuetas como as de Beyoncé e Kim Kardashian estão em evidência na mídia. Mas podem haver outras razões para explicar o que constatou o estudo.
Um aspecto importante é que o "corpo violão" chama a atenção de mulheres como imagem ideal em todos os grupos étnicos. Pesquisas anteriores indicam que mulheres brancas perseguem principalmente o corpo magro, mas mulheres de minorias étnicas têm preferência por um ideal mais curvilíneo.