Gravar vídeos, escrever textos, postar fotos. Algumas mulheres decidiram encarar o tratamento contra o câncer de mama compartilhando sua experiência para inspirar outras pessoas. Neste mês de conscientização sobre a doença, o Outubro Rosa, conheça três gaúchas que criaram formas de revelar as vitórias e batalhas do processo. Thay Barros lançou um canal no YouTube, o Oncomãe, Carol Bianchi se tornou influenciadora com o perfil Depois do Câncer, no Instagram, e a professora Denise Bandeira lançou recentemente o livro Do Peixe ao Lindo Brinde: Enfrentando um Câncer de Mama. Saiba mais a seguir:
Thay Barros
Em 2015, a empresária Thay Barros descobriu o câncer de mama. Fez quimioterapia, radioterapia e mastectomia – retirou totalmente a mama esquerda em razão da doença. Quando achou que a página estava virada, o câncer deu as caras novamente: há dois anos, foi diagnosticada com metástases que impactam diferentes órgãos, como pulmão, fígado e ossos. Hoje, aos 37 anos, encara um tratamento paliativo para garantir sua qualidade de vida – e faz questão de compartilhar tudo em seu canal no YouTube e no perfil no Instagram. Ela aproveita mesmo a vida: anda de bike, está à frente de uma empresa de eventos infantis, adora brincar com o filho, Theo, de nove anos, e viaja bastante.
– Costumo abordar as experiências positivas que tenho através da doença, como acesso a informações que possam ajudar os pacientes recém-diagnosticados, e mostro pelos meus relatos que o câncer não é o fim. É uma dificuldade que pode ser encarada com otimismo e muita fé – explica Thay.
A porto-alegrense também atua como voluntária no Projeto Camaleão e no Instituto Oncoguia.
- Conheça o trabalho de Thay no perfil @oncomaers
Carol Bianchi
A advogada Carol Bianchi não tinha histórico familiar de câncer de mama ou fatores de risco para a doença. Aos 26 anos, era recém-casada, fazia exames preventivos de rotina, estava em ascensão na carreira e queria engravidar. Em meio a tantos planos, foi pega de surpresa: sentiu um nódulo no seio e descobriu, em poucos dias, um câncer de mama agressivo. Além disso, o sonho de ser mãe poderia não se tornar realidade, já que o tratamento aumenta as chances da infertilidade.
Carol retirou as duas mamas e perdeu cílios, cabelos e sobrancelhas durante o processo. Só que, contrariando as expectativas médicas, engravidou naturalmente – hoje, é mãe de Helena, de dois anos. Quando a filha estava com sete meses, outro baque: o câncer havia voltado. Em dezembro de 2019, Carol terminou o segundo tratamento. Nesse intenso processo, criou o perfil Depois do Câncer no Instagram com postagens despretensiosas sobre sua história. Hoje, conta com mais de 10 mil seguidores.
– Quando recebo mensagem de pacientes pedindo conselhos de como encarar esse processo percebo que somos todas iguais. Não existe técnica ou manual. Somos mulheres convivendo com a incerteza do amanhã e precisamos de umas das outras para entender o nosso papel no mundo. Precisamos estar juntas, de mãos dadas para inspirar outras vidas – defende Carol.
- Conheça o trabalho de Carol no perfil @depoisdocancer
Denise Bandeira
Uma palavra definiu o sentimento da professora universitária Denise Bandeira, 55 anos, ao ser diagnóstica com câncer de mama: fisgada. Ela conta que esse era o melhor jeito de descrever a sensação após a notícia que chegou em 2018:
– Era como se eu tivesse sido a escolhida, tirada do meu habitat, do meu conforto. Não sei porque não pensava em peixe no mar ou no rio, vinha aquela imagem das caixas de areia das festas de São João. Daí veio a relação em sair da caixa e ser transformada em brinde, quando somos crianças assim é a brincadeira.
Inspirada nessa imagem, Denise escolheu o título para seu livro, lançado em julho deste ano. Do Peixe ao Lindo Brinde: Enfrentando um Câncer de Mama reúne minicrônicas escritas durante seu enfrentamento à doença. No intenso processo, a professora retirou as duas mamas e passou por quimioterapia. E a vontade de colocar em palavras o que passava por sua cabeça era tanta que ela acordava de madrugada cheia de ideias.
– Desde o começo, abri a minha situação para colegas e familiares, não fiquei reclusa. Não deixei de trabalhar, fui até para congresso. Assumi desde o início e isso foi muito bom – relembra.
A renda adquirida com as vendas do livro será revertida para instituições que abraçam a causa, como o Projeto Camaleão e o Imama.
- Saiba mais sobre o livro em bit.ly/livromama.