Contar a trajetória das oito finalistas da quinta edição do Prêmio Donna Mulheres que Inspiram lança o desafio: existe limite para a vocação e a empatia?
Selecionadas entre centenas de indicações de especialistas em diferentes áreas, elas se destacam da ciência à moda sustentável e fazem diferença. Mais do que exemplo de grandes realizadoras, o que une este grupo é a certeza de que é preciso que alguém dê o primeiro passo. Exatamente o que elas fizeram.
Leia e inspire-se no exemplo de Winnie Bueno, uma das finalistas de 2020. As vencedoras serão anunciadas na edição dos dias 21 e 22 de março.
Winnie Bueno
Winnie Bueno cresceu cercada de livros. Nas estantes da casa onde morou na infância, as prateleiras sempre estavam repletas de novas obras para atiçar a curiosidade da guria. A paixão era tanta que chegou a passar seu aniversário de 15 anos na biblioteca da escola.
– Os livros eram o meu lugar de refúgio e de aprendizado. Me protegia na leitura do que doía do racismo – recorda.
Doutoranda em Sociologia – ela estuda o livro Pensamento Feminista Negro, da norte-americana Patricia Hill Collins –, Winnie, 31 anos, refletia sobre como o acesso às obras de escritores negros ainda é pequeno no Brasil. Foi quando deparou com uma série de postagens no Twitter sobre o Dia da Consciência Negra. Percebeu que muitas pessoas faziam questão de reforçar sua posição antirracista, mas, na visão da pesquisadora, faltava uma ação prática. Foi assim que nasceu a Winnieteca, uma comunidade que ajuda a conectar doadores com pessoas negras que buscam livros.
No primeiro ano do projeto, que nasceu em 2018, Winnie conduziu a iniciativa sozinha a partir de seu celular – e, mesmo assim, conseguiu intermediar a doação de mais de mil títulos. Logo, o chamado “Tinder dos Livros” começou a crescer e atraiu a atenção (e o apoio) do próprio Twitter e de nomes como os cantores Emicida, Maria Rita e Teresa Cristina. Agora, os planos incluem criar um aplicativo próprio – as doações são solicitadas e “adotadas” a partir da hashtag #PedeUmLivro, no Twitter – e implementar pontos de distribuição, sobretudo em comunidades periféricas.