Parece que a sociedade inteira percebe as condições de vida da população negra só em novembro, né? Afinal, ocorre uma "chuva" de eventos em relação a isso. Nós nos acostumamos a acompanhar uma programação especial a respeito do Dia da Consciência Negra, mas será que essas atividades estão sendo consumidas de verdade? E no resto do ano, como fica?
Em 20 de novembro, celebra-se o Dia da Consciência Negra no Brasil. A data foi escolhida pela morte do Zumbi dos Palmares (em 1695). É uma causa tão forte e significativa que não merecia apenas um dia no calendário para ser lembrada, mas, enfim, é o que temos.
A pergunta que fica para muitos é: será que ela é necessária?
Enquanto o salário do homem negro (e da mulher também) for quase metade do homem branco, mesmo com cargos iguais, enquanto um homem negro – vítima de assalto – ser espancado por acharem que o suspeito é ele, enquanto o número de negros mortos for tão alto, enquanto uma mãe com filhos negros sofrer diariamente, enquanto ouvirmos/lermos a expressão "racismo reverso", enquanto não houver reconhecimento de privilégios, enquanto o julgamento da cor da pele ser o mais importante, sim, precisaremos!
E, por favor, entenda que está longe de ser o dia do mimimi ou do vitimismo. Temos muito o que alcançar e conquistar e não entendo porque o protagonismo ainda possa incomodar tanto. Estamos sendo notados? Sim, mas pouco e queremos mais. É necessário canalizar a visibilidade para mais pessoas. Somos mais da metade da população, poxa!
O 20 de novembro é mais um dia para refletir e tentar entender a situação em que vivemos e lutar por melhorias. Em um país em que todos os âmbitos desmerece a população negra, temos muito a evoluir.
Sim, consciência negra deveria ser todos os dias, mas enquanto não temos isso...
Duda Buchmann é blogueira que gosta de falar do mundo feminino, principalmente da mulher negra, e de inspirações que elevem a autoestima delas. Escreve semanalmente em revistadonna.com .