A foto de como estava vestida ao ser barrada | Foto: Facebook, reprodução A advogada Priscila Martins barrada no Fórum | Foto: reprodução :: Como escolher a escova certa para o seu cabelo
Códigos de vestimenta são comuns para festas e eventos. No dia a dia, porém, as regras que dizem respeito a sapatos, tecidos ou comprimento de roupas em ambientes de trabalho ou estudo com frequência viram tema de discussão – e são questionadas. Três episódios recentes neste mês chamam a atenção para o assunto: em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em Palmas (Tocantins), três mulheres foram advertidas por conta das roupas que usavam.
Na tarde da última quarta-feira (19), a vereadora Karen Santos (PSOL) foi criticada pelo presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Valter Nagelstein (PMDB), por estar vestindo uma camiseta. Segundo o político, as mulheres devem também seguir o artigo 216 do regimento interno, que firma como "dever do vereador" comparecer às sessões plenárias com "traje passeio completo ou pilcha gaúcha".
Em sua defesa, Karen ressalta que a regra diz respeito diretamente aos vereadores homens e que não há instruções para as vereadoras da casa. Em entrevista ao jornal Zero Hora, ela afirmou que a reação de Nagelstein foi "uma forma de constrangimento".
– Uma péssima maneira de dar boas vindas para a bancada de oposição. Das mulheres, principalmente, que eles dizem ser tão importantes dentro do espaço de representação política e sempre se utilizam desses fatos para deslegitimar nossa presença dentro da casa.
Confira o relato da vereadora Karen Santos após a sessão
Embora Karen não tenha sido barrada ao entrar no plenário, o episódio se assemelha a outros dois casos ocorridos também neste mês. Na noite do dia 11, Camila Tavares, profissional de marketing e aluna de MBA, foi impedida de assistir sua aula na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, por estar vestindo uma bermuda (veja na foto abaixo). A recepcionista do campus carioca chegou a sugerir que a aluna fosse a um shopping nos arredores da FGV para comprar uma roupa mais adequada e entrar na Fundação para assistir à aula.
– Eu me senti humilhada. Não acho que eles me humilharam, mas foi como eu me senti. A sensação de não poder fazer o que fui fazer foi horrível. Fiquei superchateada, precisei sentar um pouco para digerir a situação – contou ao site de Donna. – Estava um dia de muito calor e eu tinha tido outros compromissos na rua antes. Havia ido mais cedo a uma das agências mais premiadas do mundo por inovação. Cheguei lá e as pessoas eram absolutamente diversas e com a mentalidade aberta. Por alguns minutos acreditei que já existe um mundo menos careta e com mais tolerância e aceitação – contou a Donna.
No mesmo dia, a advogada Priscila Costa Martins também foi impedida de entrar no Fórum de Palmas por causa do comprimento do vestido que usava. Ela, que é também presidente da Comissão de Direitos do Consumidor e conselheira estadual da Ordem dos Advogados do Brasil no Tocantins, está grávida de seis meses.
– A atendente pediu para virar de costas para ver como estava o comprimento, como se fosse um desfile. Eu disse que precisava entrar e tentei passar, mas quando cheguei perto da catraca o policial colocou a mão na frente e não deixou – contou em entrevista do portal G1 Tocantins.
A justificativa dos funcionários do Fórum é uma resolução aprovada em 2015 que especifica o comprimento mínimo de 3 centímetros abaixo do joelho. Uma proposta para a retirada da norma já teria sido enviada ao Tribunal de Justiça, mas foi arquivada pelos desembargadores.
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