Não sabia se comia ou não comia uma Nhá Benta da Kopenhagen naquela terça-feira à tarde. Enquanto o anjinho que mora em mim estimulava o ato aparentemente insano ao lembrar-me de todas as recompensas que acumulo ao longo da vida, o diabinho que mora em mim achava tudo aquilo um grande absurdo. Ora uma bomba calórica recheada de marshmallow em plena tarde de uma terça-feira qualquer?
ONDE JÁ SE VIU?
Dei um chute no diabo, mandei que calasse a boca e entrei na fila da loja para pedir não apenas uma Nhá Benta, mas também um café carioca com direito a waffle de acompanhamento.
NHAM NHAM
DEPOIS RECLAMA
Uma vez na fila, não tive como deixar de ouvir a conversa entre duas amigas que estavam na minha frente. Falavam sobre o "absurdo" de repetir roupas. Reproduzo abaixo o diálogo:
– Tu está pensando em usar aquela mesma saia que usou no mês passado?
– Pois é… Na verdade acho feio repetir, mas estou sem opção.
– Compra uma nova!
– Não tenho dinheiro.
– Parcela em várias vezes no cartão. Repetir roupa é que não dá!!!
OI??!!
Tive muita vontade de me meter. Tive vontade de perguntar qual é o problema de repetir roupa? Tive vontade de dizer que, hoje em dia, é muito mais legal, mais consciente e sustentável, mais estiloso também, repetir roupa do que manter e propagar essa consciência e filosofia retrógrada de que temos que usar uma peça de roupa apenas uma vez e nunca mais – como se fosse algo descartável. Tive muita vontade de falar sobre um movimento cada vez mais em voga no planeta chamado Lowsumerism.
JÁ OUVIRAM FALAR?
Lowsumerism propaga uma ideia simples: ser mais consciente e consumir menos. O termo vem das definições em inglês “low” (baixo) e “consumerism” (consumismo). A proposta é repensar a lógica da compra e agir com equilíbrio.
EQUILÍBRIO PARA A VIDA
Se puder deixar uma dica para o fim de semana, convido a assistirem o vídeo "The Rise of Lowsumerism", produzido pela Box1824, empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo. Basta colocar no campo de busca do YouTube. Tem duração de 10 minutos e vale cada segundo. Ele explica, reflete e contextualiza o “consumo” e o ato de comprar. Propõe uma série de questões diante de uma iminente nova compra.
QUAIS SÃO ELAS, MARIANA?
1) Preciso disso?
2) Posso pagar por isso?
3) Estou comprando para afirmar minha personalidade?
4) Sei de onde veio isso e para onde vai?
5) Estou sendo iludida pela propaganda?
6) Esta compra prejudica o planeta?
7) Quantas compras como esta o planeta suporta?
PARARAM PRA PENSAR?
Não sou contra o consumo. Comprar faz bem para nossa autoestima, para fazer a economia girar etc. Mas o mundo vive na era do exagero, do descartável – e é sobre isso que fala o Lowsumerism. Gosto muito de uma frase de Costanza Pascolato: “Se uma peça não vale ser repetida, também não vale ser comprada”.
SABE TUDO
Kate Middleton, um dos maiores expoentes femininos em termos de estilo deste século, é a rainha de repetir roupa. Trata-se de uma integrante da realeza britânica, vive em compromissos oficiais mundo afora, seu guarda-roupa é copiado e imitado no mundo inteiro por milhares e milhares de mulheres. O que ela veste desaparece em minutos das lojas. E o que faz Kate?
REPETE ROUPA!
Repetir roupa pode, repetir roupa não é feio, repetir roupa é sinal de maturidade, repetir roupa é sinal de inteligência, repetir roupa é chique, repetir roupa é sinal de estilo. É sinal de que sabemos exatamente quem somos, o que queremos, a que viemos. As roupas que usamos dizem muito sobre a nossa personalidade e repeti-las significa que sabemos melhor do que ninguém qual é o nosso estilo. E agora com licença, vou repetir uma outra coisinha também...
OI, BONITONA
DEPOIS RECLAMA