Tente dizer a uma mulher sofrendo com cólicas que correr em círculos por 15 segundos e dar três pulinhos vai aliviar sua situação e observe se ela não vai tentar – claro, se a dor permitir que ela se levante e faça, de fato, esses movimentos. Há muitas fórmulas que prometem a melhora e o desaparecimento da cólica, mas nenhuma funciona em todos os 76% de mulheres afetadas pelas cólicas menstruais (dados de uma pesquisa feita pelo Ibope em 2014). “Cólica” é o termo utilizado para qualquer dor ou desconforto na região abdominal. Durante a menstruação, ela ocorre na região do ventre por questões hormonais, que causam contrações involuntárias no útero.
– Na segunda fase do ciclo menstrual, há uma queda hormonal, que acarreta o aumento de uma substância chama prostaglandina, responsável pelas contrações uterinas e pela alteração do fluxo de sangue antes da descamação menstrual – explica a ginecologista e obstetra Ana Lúcia Letti Müller.
É esse movimento que causa a dor, cuja intensidade varia de pessoa para pessoa, e normalmente diminui com o passar dos anos. Tudo isso descrito acima é normal e as melhores opções para a dor são medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos. Opções como o Livia, gadget que “fecha” os pontos de dor que fazem surgir a cólica estimulando os nervos e evitando que o incômodo chegue ao cérebro, podem funcionar, mas Ana Lúcia lembra: os resultados ainda não são comprovados cientificamente.
O que mais pode ajudar com a dor? A ginecologista e obstetra Maria Elisa Noriler indica atividades físicas leves como caminhada, alongamento e ioga, bolsa de água quente no local dolorido e um banho relaxante como possíveis formas de amenizar as cólicas. Outras opções são os contraceptivos e a gravidez, mas apenas em determinados casos.
– Os anticoncepcionais são alternativas para alívio das cólicas por evitarem a variação hormonal responsável pelo aumento das prostaglandinas. – esclarece Ana Lúcia Letti. – Se as cólicas são causadas por um estreitamento do canal uterino que intensifica as contrações do período menstrual, pode-se ter um alívio após um parto vaginal. A ginecologista ainda explica que, se a causa da cólica em demasia, é uma endometriose leve, o uso dos anticoncepcionais a gravidez também podem entrar na lista de tratamentos.
O que mais melhora a cólica? Soluções caseiras comentadas pelas médicas:
Alguns chás e remédios caseiros que podem ajudar a melhorar as cólicas
Para Maria Elisa, chás com substâncias anti-inflamatórias como camomila, gengibre e calêndula ajudam a amenizar as dores da cólica. Porém, Ana Lúcia destaca que não há estudos que garantam esse efeito.
Algumas comidas ajudam, enquanto outras fazem com que a dor das cólicas piore
Ana Lúcia explica que a obesidade e o álcool estão associados ao surgimento de cólica. Maria Elisa comenta que alimentos gordurosos, ricos em açúcar e cafeína favorecem uma maior produção de hormônios femininos, que podem intensificar a dor. Por outro lado, alimentos considerados relaxantes musculares podem ajudar na diminuição da dor. Maria Elisa cita, como exemplos: inhame, vegetais de cor escura, banana, beterraba, aveia, tofu, abobrinha, couve, salmão, castanha do Pará e atum. Segundo Ana Lúcia, estudo mostram que dietas vegetarianas ou pobres em gordura, assim como a ingestão de Vitamina B6 e E e Magnésio podem causar uma melhora sintomática.
Acupuntura faz passar a dor das cólicas
As ginecologistas concordam que é uma opção em potencial para o alívio da dor. Maria Elisa indica a acupuntura também como uma forma de ajudar a estabilizar o estado emocional da mulher, que sofre grandes oscilações durante o período menstrual.
Para quem está com cólica, ter um orgasmo é uma boa ideia
O orgasmo pode interferir de duas formas na questão das cólicas. Pelo lado físico, explica Ana Lúcia, ele leva à contração uterina, que é uma das causas da dor. Pelo lado mental, esclarece Maria Elisa, o orgasmo leva à sensação de bem-estar e libera substâncias com poder analgésico no cérebro.
Ginástica íntima: um exercício para evitar as cólicas
A fisioterapeuta Cátia Damasceno, especialista em uroginecologia, indica o pompoarismo – técnica para contrair e relaxar os músculos vaginais – como forma de evitar e melhorar as cólicas, diminuindo as contrações que desencadeiam a dor. Cátia explica que a dor é causada pela eliminação dos coágulos de sangue da parede do endométrio pelo útero durante a menstruação, que se formam por uma baixa irrigação sanguínea no local.
- Quanto mais coágulos eliminamos durante a menstruação, mais cólica sentimos. Para que eles não se formem, precisamos aumentar a circulação sanguínea no útero, o que pode ser feito através de exercícios físicos – comenta a fisioterapeuta, que explica que o pompoarismo é a forma de exercitar essa área, pois ele trabalha a partir da contração do períneo, músculo localizado entra o ânus e a vagina que sustenta os órgãos internos do corpo. O movimento dessa técnica é a de contração da musculatura vaginal, seguida do seu relaxamento. A prática desse exercício no dia a dia previne a formação dos coágulos. E, para quem está no período menstrual, ele reduz a intensidade da dor.