Perdemos bastante, nos últimos tempos, a essência do Natal – isso que nem estou falando do espírito natalino, este pobre coitado! Coloque o pé na rua nesta época do ano, tente atravessar na faixa de segurança, dirija por aí e saberás a que me refiro.
AS PESSOAS ESTÃO LOUCAS!
Quando digo que perdemos a essência do Natal, falo de sentimento mesmo. Babau! Entra Natal sai Natal, somos bombardeados com intensos e insistentes apelos ao consumo. São roupas novas, brinquedos de todo tipo, eletrodomésticos, smartphones de última geração. Tudo isso leva para um único e firme propósito: dinheiro, dinheiro, dinheiro.
GASTAR, GASTAR, GASTAR!
Perdemos a sabedoria (será que um dia nascemos com ela?) de fazer da data o momento de reavaliarmos nossos hábitos, de encontrarmos o verdadeiro espírito de fé e, desta forma, cultivarmos a essência de ser humano – que deveria ser o amor ao próximo.
A GENTE CULTIVA TODOS OS DIAS
24 HORAS POR DIA
Cães nos fazem pessoas melhores, não tenho dúvida. Querem apenas estar com seus donos. Querem apenas amar e ser amados – seja em uma casa confortável, com comida no prato, ou embaixo da ponte, passando fome.
NÃO FALA POR MIM
Tenho procurado viver o Natal com esta consciência do amor, da união, da confraternização – e menos da preocupação em ter que presentear todos com tudo. Mas vivo em uma sociedade com algumas regras predeterminadas – e elas mandam dar lembranças materiais a pessoas mais especiais como forma de demonstrar carinho e afeto.
ELA VAI FALAR DO CAIXA ELETRÔNICO DO BANCO
NÃO CONSEGUIU TIRAR DINHEIRO PARA OS PRESENTES
VOLTOU PARA CASA CUSPINDO FOGO
Eu gostaria de saber quem teve a ideia de criar caixas eletrônicos que exigem a leitura da impressão digital. Eu gostaria de dizer aos bancos que nem todas as pessoas têm facilmente sua digital lida e interpretada. Eu gostaria de esclarecer que sou uma delas.
NÃO TENHO DIGITAL LEGÍVEL!!
Em não tendo digital legível, não consigo sacar meu próprio dinheiro daquela maldita máquina. Enfio o cartão, coloco minha senha e a maldita máquina pede para colocar o dedo indicador naquele leitor gosmento onde todas as pessoas colocam seus dedos indicadores e gosmentos.
COISA NOJENTA
Coloco uma, duas, três, quinhentas vezes o dedo ali. Nada. Troco de caixa eletrônico. Nada. Esfrego o indicador na testa antes de colocar o dedo de volta no leitor da máquina, pois me ensinaram que a nojenta gordura do corpo ajuda na leitura biométrica. Nada. Agrido a máquina. Nada. Espumo uma baba branca de ódio pelo canto da boca.
NADA!!!
Perco horas pulando de caixa eletrônico em caixa eletrônico – e nada. Então, uma fila começa a se formar atrás de mim com pessoas que me olham como se eu fosse uma débil mental que não sabe digitar quatro números. Só que não é a senha que a maldita máquina quer. Ela quer a minha digital – a digital que eu não tenho.
PEDE UMA DIGITAL PARA O PAPAI NOEL
A IRONIA DESSE CACHORRO NÃO TEM LIMITES