Bento e eu estamos conversando meio que à distância. O animal anda com mau hálito. Cheiro de peixe, melhor dizendo. Desde que passou a tomar diariamente meio comprimido de Gerioox para o problema crônico de artrite, passou a exalar esse fedor de peixe morto pela boca. Deve ser o ômega 3 funcionando no organismo da criatura.
Agora resolveu usar essa história como desculpa e dizer que a culpa é minha.
ESTÁ DIFÍCIL DE AGUENTAR!
FEDOR DE CARNIÇA AMBULANTE
DEVE SER POR ISSO QUE ESTOU ENCALHADO
Jura que sempre esteve cheio de candidatas a namorada e coisa e tal, mas então eu resolvi tratar do problema na pata, ele passou a exalar cheiro de peixe morto pela boca e a responsável por todos os males sou eu.
ÓBVIO
Se eu não fosse uma pessoa bem esclarecida, há anos analisada ( e medicada, ressalte-se!), poderia até carregar essa culpa. Ah, a culpa! Como diz o ditado, quando nasce uma mãe, nasce a culpa. Ainda que não seja mãe ( sou dona de cachorro), acho que consigo sentir um pouquinho o que isso significa.
NÃO É POUCO
Culpa é um sentimento inerente ao ser humano. Sentimento chato e que machuca bastante. Sentimos culpa por tudo. Culpa por trabalhar demais, culpa por trabalhar de menos, culpa por não ter o tempo que merecemos, culpa por ter tempo demais, culpa no escritório, culpa nas férias. Culpa pela tristeza e pela alegria. A criança chora? Sou culpada.
O cachorro adoece: será que a culpa é minha?
CULPA, CULPA, CULPA
Aprendi que há dois tipos de culpa: a real e a imaginária. Sofrer apenas por uma delas ( a real, claro!) já é meio caminho andado para eliminar um pouco aquele aperto no peito provocado pela… culpa!
O QUE É CULPA IMAGINÁRIA, MARIANA?
Sempre que a gente se sente culpado por não ter sido “ perfeito”, por ter “ falhado” para o outro, estamos vivendo uma culpa imaginária. Por exemplo: sua mãe convidou você para almoçar, mas você já tinha combinado um programa com as amigas. Então, você se enche de culpa para negar o convite dela. Mas por que tanta culpa? Você não tem o direito de se divertir e fazer o programa com suas amigas? Claro que sim! Só que aquela sensação de frustrar o outro, de colocar o outro em primeiro lugar traz junto essa culpa.
VOU DAR OUTRO EXEMPLO!
Você começou um novo trabalho e, por mais bem intencionado que esteja, cometeu um erro já na primeira semana.
Pronto, a culpa! Só que errar é humano. Todos precisamos de tempo para aprender – e ainda assim passaremos a vida cometendo erros. Mas a gente acha que tem que ser perfeito. De novo, vem a culpa imaginária devido à sensação de “ imperfeição”. Exemplo corriqueiro: um amigo pede carona, mas mora do outro lado da cidade.
Você está atrasado e não pode ajudar. Ou seja, não pode ser “ bonzinho”. O que acontece?
CULPA, CULPA, CULPA!
E A CULPA REAL, MARIANA?
Esta é mais óbvia. Sentimos quando, de fato, fizemos algo errado ou magoamos e ferimos alguém verbal ou fisicamente. Muitas vezes pode não ser intencional, mas o dano é real.
O HÁLITO DO BENTO, POR EXEMPLO
É UM DANO REAL
PIOR É QUE ELA NÃO SENTE CULPA