:: Campanha #heforshe é lançada no Brasil pela ONU Mulheres em parceria com o Canal GNT A atriz Emma Watson, embaixadora da ONU Mulheres, lançou a campanha mundial no ano passado O cantor Wander Wildner, que faz show hoje no evento de lançamento, já aderiu ao movimento #elesporelas. Foto: Fernanda Chemale :: Emma Watson lança campanha pelo feminismo e sofre ameaças pelo seu discurso :: Emma Watson é nomeada embaixadora da ONU Mulheres :: Foi a maçaneta da porta: mensagem misteriosa mobiliza famosas contra a violência doméstica
Combate ao machismo, defesa dos direitos femininos, luta pelo fim da violência contra as mulheres. Se engana quem pensa que isso é responsabilidade exclusiva dos movimentos feministas e das próprias mulheres. Em 2014, a ONU Mulheres lançou um movimento mundial chamado He For She (Eles por Elas), para conscientizar e engajar os homens na luta pela igualdade de gêneros. Agora, três meses depois da campanha ter tido o seu lançamento oficial no Brasil, o movimento chega ao Rio Grande do Sul de forma institucional e organizada.
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Liderado pelo gabinete do deputado estadual Edegar Pretto, que em 2011 criou, em uma iniciativa pioneira no país, a Frente Parlamentar de Homens pelo Fim da Violência Contra a Mulher, o movimento ganha agora um comitê impulsionador local. Voltada para os homens, a iniciativa é simples e de fácil engajamento: basta acessar o site e cadastrar-se como um apoiador. Com isso, é contabilizado o número de homens comprometidos com o tema. Em todo o mundo, de acordo com o site oficial, já são mais de 451 mil homens engajados. No Brasil, são 15,5 mil – a meta da ONU é atingir 100 mil assinaturas no país antes da campanha completar um ano por aqui.
Para lançar oficialmente a campanha em terras gaúchas, os organizadores promovem um evento nesta sexta-feira, às 18h, no Solar dos Câmara, no Centro de Porto Alegre. Além da presença de apoiadores e simpatizantes do movimento, um show do cantor Wander Wildner promete animar o frio da tarde.
- Mas a essência do movimento não se resume a um evento, pelo contrário. Com este comitê local queremos impulsionar ações que promovam a igualdade de gênero em todos os espaços, especialmente inserindo os homens neste debate – afirma Pretto.
Desconstruir o machismo, segundo os líderes do movimento #heforshe, também passa pela sensibilização dos homens, que precisam deixar de ser agentes dos processos de violência para tornarem-se promotores de um novo pensamento, baseado na igualdade de direitos. Combater ideias e comportamentos machistas desde a infância é importante para que os meninos vejam, desde cedo, a importância de equidade entre homens e mulheres – e para que não reproduzam comportamentos violentos ou machistas na idade adulta. Para isso, a mensagem será cada vez mais difundida em escolas e nos espaços públicos. Como exemplos de iniciativas que já estão em andamento, o deputado destaca a parceria que está sendo firmada com taxistas e com empresas de ônibus, para que a mensagem da campanha seja transmitida aos passageiros por motoristas, cobradores e outros trabalhadores envolvidos na atividade.
Desde 2011, quando foi criada, a Frente Parlamentar gaúcha já visitou e incentivou a criação de grupos semelhantes em mais de 70 Câmaras de Vereadores. Outros estados como Tocantins, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina também já criaram as suas próprias Frentes de homens pelo fim da violência contra a mulher, com o apoio e a orientação do grupo local. Agora, com a criação do Comitê local da campanha Eles por Elas, a ideia é ampliar ainda mais as ações que já vinham sendo tomadas. Com a adesão de empresas, órgãos públicos, governos, sindicatos, universidades e até times de futebol, os organizadores pretendem espalhar esta ideia por todos os setores da sociedade civil, criando uma corrente de conscientização e adesão.
- Queremos que o combate ao machismo e a violência se torne um assunto corriqueiro para o maior número de pessoas, em qualquer lugar – afirma o deputado, que falou em nome do Brasil sobre as questões de gênero e sobre o combate à violência contra a mulher na Assembleia Geral da ONU, em 2013.
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E, para quem pensa que violência e machismo são coisas muito distantes, é importante salientar que o problema ainda é latente em nossa realidade. Em quatro anos, 268 mulheres foram mortas no Rio Grande do Sul, vítimas de crimes relacionados à Lei Maria da Penha, ou seja, vítimas de homens, na sua maioria maridos ou companheiros. Somente no primeiro semestre de 2015 já foram 40 mulheres mortas e 173 tentativas de assassinato, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Também no primeiro semestre deste ano, 274 mulheres foram estupradas no Rio Grande do Sul.