(Arquivo Pessoal) Jane Guershenson junto às límpidas águas do rio da cidadezinha de La Vallée du Luberon, onde já morou
Avida dá muitas voltas - e retornos também. São ciclos que podem ser reabertos com uma nova ótica de acordo com vivências pessoais no processo evolutivo natural. Assim está acontecendo com a jornalista Jane Gershenson, que trabalhou sete anos na RBS TV, transferindo-se para a Europa no final dos anos 1980. Lá ela se casou com o escritor e cineasta belga Patrick Conrad, separando-se 14 anos depois. Há pouco, eles voltaram a se unir. Foi o que ela me contou agora, em visita à família.
Jane foi sempre dinâmica e seu projeto hoje, residindo na Provence, a região francesa dos vinhos, antiquários, casas pitorescas e deslumbrante paisagem, é trabalhar com agências de turismo para oferecer uma experiência sensorial aos brasileiros que chegarem àquele lugar da França. Tudo é perto. Pode-se esquiar na neve e chegar até a margem do Mediterrãneo. O que é, afinal, a "experiência sensorial" proposta por Jane Guershenson?
– É estar numa região não só de passagem, mas sentir seus cheiros – diz ela.
Conviver com as pessoas locais, comer a comida mediterrânea com seus legumes e frutas adquiridos nos mercados. Este cultivo começou em substituição das decadentes árvores do bicho da seda, no início do século 19, em fazendas próximas a Lyon.
Jane fará na Provence um receptivo de brasileiros, principalmente paulistas, e para quem desejar ficar em uma das casas típicas da região ela providenciará o aluguel ou fará reservas em pousadas e hotéis confortáveis. Esta experiência sensorial, comendo o "ratatouille", refogado de legumes típico da Provence, com um cálice de vinho Chantoneuf du Pape, e fazendo outros programas, é um luxo.
Exposição em Nova York
Há uma bela exposição atualmente no Jewish Museum de Nova York sobre a vida e as obras de Helena Rubinstein (1875-1965), que criou a famosa marca de cosméticos e produtos de beleza com seu nome. Ela esteve no Brasil e adquiriu sete telas de Cândido Portinari, aproveitando a ocasião para ser retratada pelo grande pintor brasileiro. HR é um ícone de mulher empresária, num tempo em que só atrizes e prostitutas usavam maquiagem. Ao entrarem no mercado de trabalho, as jovens podiam comprar os produtos de Helena.
As jovens contestadoras pregavam que os cosméticos as tornavam mulheres-objeto, com sua independência sendo conquistada. Meu amigo Guilherme Paz, que reside em Nova York, viu a exposição e me contou que, além de ter construído seu império de beleza, ela era dotada de bom humor. Olha só esta frase de HR: "Se eu fosse alta e magra, só usaria joias discretas e roupas extravagantes; como sou atarracada, só posso usar roupas discretas e capricho no tamanho das joias".