O aperto de mão, na Antiguidade, era um gesto de paz e compromisso entre dois adversários que, desarmados, selavam um acordo, como até hoje se faz no mundo dos negócios. Antes de se iniciar um jogo, os esportistas trocam o aperto de mãos, ditado pelo protocolo medieval da esgrima antes do desembainhar das espadas. Mas é na política, numa campanha acirrada como esta que se encerra neste domingo, que mais se destaca a civilidade do gesto.
Eleição tão tensa como esta só a de 1989, com debates que envolveram a vida pessoal dos candidatos numa campanha que chegou ao final com três pontos de diferença entre Lula e Collor.
Os candidatos de agora perderam tempo de debate com acusações ao adversário em vez de discutir projetos de governo. E isto não deixa de ser uma revelação que, inconscientemente, eles se baseiam na família como célula-mater da sociedade. E que os eleitores não aceitam serem governados por um presidente que não apresente as qualidades morais exigidas no exercício da autoridade paterna.
Para Aécio, não bastou marcar, num aperto de mão, o pacto republicano com Dilma, esclarecendo os eleitores sobre o melhor programa de governo para o Brasil. Terminado o encontro na Bandeirantes, ele tomou a iniciativa de dar um beijo social na presidente. Quem sabe para demonstrar não sentir nada pessoal contra ela. Bem-educado, o mineiro esqueceu o distanciamento formal devido a uma pessoa hierarquicamente superior, como é a presidente da República. Ela recebeu o gesto de cortesia sem cara feia, e a partir de domingo mudou o nível dos debates. O beijo de cortesia não apaga xingamentos recíprocos.
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Scliar tem sua vida muito bem contada na exposição O Centauro do Bom Fim, em cartaz no Santander Cultural, através de uma montagem de alto nível, que permite aos visitantes interagirem com o universo do escritor. Assim como Moacyr Scliar usou de diferentes formas para se expressar artisticamente, Judith Scliar idealizou a mostra, e Carlos Gerbase fez sua curadoria. Usando dos mais atuais recursos tecnológicos sem que móveis e antigos livros da infância e adolescência de Scliar deixassem de ser destacados, a mostra protagoniza uma dinâmica envolvente, que inclui o teatro. Há cenas de espetáculos de peças baseadas em textos do autor com a imagem de dois atores contracenando frente a frente em grandes telas.
De acordo com sua faixa etária e interesses, o espectador se posiciona na mostra e tem possibilidade até de se identificar com Scliar, sentando-se numa poltrona igual àquela em que ele lia à luz de um abajur. Há um cardápio de títulos de obras para se escolher e ouvir com os fones no ouvido a leitura de partes do texto. Fecham-se os olhos e se faz um relax ouvindo alguns dos textos já lidos da obra do escritor gaúcho. Ao seguir no roteiro de visita quem é detalhista descobre diante do fardão de imortal da Academia Brasileira de Letras que pertenceu a Scliar lantejoulas douradas fininhas entremeadas nos bordados em linha de ouro para dar brilho aos fios. Confira por si mesmo a exposição que se encerra no dia 16 de novembro.
Influência japonesa
Estão aparecendo cada vez com mais frequência estas colheres de porcelana para miniporções de legumes, carnes delicadas, camarões, ovos de codorna com molhinhos e outras combinações apetitosas. Elas são colocadas numa travessa grande ou num prato, lado a lado, para cada convidado retirar a sua. É desagradável colocar a colher na boca, por ter os bordos altos. Por isso deve ser acompanhada por uma colher de cafezinho ou um garfinho de dois dentes para fisgar fiambres em quadrinhos ao aperitivar.
Acontecerá
Alexandra Loras é consulesa da França em São Paulo e estará em Porto Alegre, dia 28, para fazer palestra na Semana da Moda no shopping da Av. Julio de Castilhos, 235. Filha de uma aristocrata francesa e de pai africano, que se tornou sem teto, Alxandra contará a experiência de uma vida fantástica.
Etiqueta na prática
Envie sua pergunta para a Celia: contato@revistadonna.com
Bodas de rubi
"Vamos comemorar 40 anos de casamento, bodas de rubi, com uma recepção para 65 convidados e, por ser em dezembro, antes do Natal, preciso de orientação de cardápio e lembrancinha que não seja comestível, mas para ficar." FÁTIMA
- Lembre que o motivo da comemoração não é natalino, por isso não coloque peru inteiro na mesa, mas fatias da ave com molhos de frutas como manga e abacate. A lembrancinha pode ser sachet para perfumar gavetas, pecinhas de porcelana pintadas à mão com motivos florais, com as iniciais do casal anfitrião e a data no verso. Sobremesa? Um bolo de dois andares com glacê vermelho e sorvetes.
Festinha em família
"Ao chegar à sala, fico indecisa quando não sou recebida pela anfitriã, se devo me dirigir às amigas dos meus filhos que encontro de vez em quando ou se aguardo que elas me procurem, como sou mais velha. Pergunto pela dona da casa?" MARTINA
- Sem problemas, seja espontânea. Se a dona da casa não está na sala, faça um cumprimento geral e se aproxime de uma das conhecidas, procurando sentar-se perto dela. Não precisa perguntar pela anfitriã, a conversa vai rolar. Vocês têm dois pontos em comum: são convidadas da mesma amiga e já se conhecem.
* Fotos: AFP e Reprodução