Ao ler trechos de antigos livros sobre etiqueta social pode-se achar graça, mas eles são uma fonte de pesquisa da evolução dos costumes. Se for, então, um livro de autor português editado em Lisboa, no ano 1933, entra-se no clima da época pela linguagem, o conteúdo e a ortografia do texto. É clara a diferença entre a cerimoniosa boa educação dos portugueses e a nossa, ainda que o referencial a etiqueta francesa seja o mesmo.
Na minha prateleira com livros de história e etiqueta achei agora o Saber Viver - Regras de Etiqueta, de autoria da Baronesa X, cuja identidade não é revelada. Comprei o livro, em quarta edição da Sociedade Nacional de Tipografia, num sebo de Lisboa. Sabe-se pelo seu prefácio que a Baronesa X é uma mulher, que escrevia romances e usa algumas das suas personagens em situações da vida social, como um chá, andar na rua, ir à igreja e se casar. O excelente índice facilita encontrar o tema de etiqueta desejado.
A Baronesa X destaca que era necessário o pedido de casamento para noivar. "O pai de Luiz tinha chegado de uma viagem e o filho obteve permissão para ir pedir a mão de sua futura noiva", mas a mãe dela fez uma imposição a Maria Alice: "Só ficas noiva quando se puder marcar a data de casamento".
Não há mais pedido de casamento formal, e sim uma conversa do noivo e da noiva com os pais dela sobre seus projetos. Em decorrência da mudança dos costumes e de muitos namorados morarem juntos, as festas de noivado estão voltando para participar aos parentes chegados e amigos íntimos a intenção de se casar. O par troca alianças à mesa de jantar, fazendo um brinde para o noivo anunciar a data ou a época do casamento. Às vezes, nem isso. Só participam que o namoro é sério, pensando em casar-se quando for possível.
Era assim...
O baile foi criado não só como diversão, mas para aproximar os jovens, tendo em vista o casamento. Até o final do século 19 havia o carnê de baile, um minicaderno, às vezes com a capa de madrepérola, as folhas com espaços livres numerados em sequência para os rapazes assinarem, comprometendo as "casadoiras" a dançar com eles.
É assim...
A mudança de ritmo das músicas e a liberação feminina têm influência sobre o baile. Hoje se pode dançar sozinha ou num grupo de amigas o Lança Perfume, da Rita Lee, e as músicas do Dancin' Days. Ótimo para as debutantes, que não precisam aguardar que as tirem para dançar. A partir daí se formam pares que, comandados pelo DJ, e ao ritmo da bossa nova dançam no "old fashioned way", à moda antiga.
:: Etiqueta na prática
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Como se portar com seus ídolos
"Qual o melhor modo de me comportar ao entrar em contato com ídolos meus, atores, designers, artistas em geral, para causar boa impressão?" FABIANO
- Em primeiro lugar, não ser invasivo. Se ele estiver na companhia de outras pessoas, não o interrompa nem toque nele para dizer que o admira. Basta olhá-lo e sorrir em sinal que o está reconhecendo. Se houver maior proximidade, como num elevador, cumprimente-o e diga que admira seu trabalho, o que é sempre bem recebido. Mas, em campanha política, quando parece que vale tudo, não assuma um gesto mais abrupto para um candidato que é seu ídolo, tentando abraçá-lo. Pode causar receio de agressão.
O marido da importante
"Tenho uma amiga que é presidente de uma empresa e fico indecisa de onde colocar seu marido à mesa de refeições, se ela fica à minha direita, pois sou viúva." MANOELA
- A localização dos convidados à mesa depende também da largura e do formato desta, retangular, quadrado ou redondo, para facilitar a conversa pela proximidade entre as pessoas. Nesse caso, não é preciso seguir um protocolo em função da posição empresarial da convidada. Em princípio, intercala-se à mesa um homem e uma mulher. Uma anfitriã que é sozinha escolhe um irmão, primo ou amigo íntimo para fazer as vezes de anfitrião, e a convidada vip fica à direita dele, e o marido dela à sua direita. O que não pode é ficarem todos os homens ou todas as mulheres lado a lado.