Sempre ouvi falar que o começo de todo relacionamento é lindo e com o passar do tempo o negócio vai perdendo o encanto. No início, diante de diversas demonstrações de carinho do meu então namorado, algumas amigas diziam que isso era coisa do “começo”. Afirmavam com veemência que com o tempo o colorido se desbota. E eu torcia para que o tempo não passasse e para que a minha relação continuasse sempre com aquele frescor bonito dos comecinhos.
É bem verdade que eu sabia que, inevitavelmente, o tempo passaria. E que ele traria na bagagem uma série de pesos desnecessários. Em contrapartida, sabia que ele me daria maturidade e aprendizado, afinal, os dois caminham juntos e não se separam por nada.
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Eu confesso que morri de medo. A gente tem medo de perder o que é bom, o que faz bem e o que é seguro. Você já deve ter ouvido o ditado “vassoura nova varre bem”. No início, todo mundo quer mostrar seu melhor lado. Com o passar dos dias, vamos afrouxando os nós, ficando mais à vontade dentro da relação. Mas a questão é que eu nunca fiz tipo ou jogo, sempre me mostrei por inteiro. Nunca fui mais polida ou tentei ser o que não era. Fui eu desde o começo, com tudo de trágico e mágico, com toda a minha verdade, com toda a minha insegurança, com toda a minha falta de filtro, com todos os bichos furiosos e indefesos que tenho dentro de mim.
O início me deu tchauzinho, entrou no trem e partiu. Passaram dias, meses, anos. Ele não me mandou nenhuma carta, e-mail, direct message, inbox ou Whatsapp. E eu não sinto a menor falta dele, pois tenho o agora todos os dias de presente.
Hoje tenho uma relação segura, tranquila, forte. Muito mais forte que a do começo. Cheia de histórias pra contar, de pedras retiradas do caminho, de obstáculos superados, de montanhas escaladas. Hoje tenho uma relação com mais encanto, pois conhecemos bem todas as nossas fraquezas. Acolhemos o outro com todo cuidado que ele merece, com todo o carinho que ele precisa. Sabemos onde estamos pisando, então nunca erramos o passo. Ao mesmo tempo, estamos sempre nos descobrindo e nos admirando, pois nos modificamos o tempo inteiro.
A intimidade não é fácil, mas traz uma sensação única de autoconhecimento. Deixar o egoísmo de lado é um exercício diário, afinal, somos seres humanos e temos a necessidade de pensar primeiro nos próprios desejos.
Somos sobreviventes, pois a partir do momento que surge a coragem necessária para se desarmar e se entregar você dá um passo em direção a uma incerteza assustadora. E essa falta de certeza vai dando lugar a diversas linhas em branco que servem de palco para a construção de uma história.