Brasileiro tem fama no Exterior de não ser pontual, bem como de usar seu jeitinho para resolver problemas na última hora, manifestação de um certo otimismo em excesso. Houve uma evolução nas últimas décadas com relação a esses comportamentos, graças à globalização e ao maior convívio em viagens a negócios, congressos de profissionais liberais e estágios de aprimoramento profissional.
Uma das influências de fora são os convites marcando o início e o final de um evento, especialmente os de cunho profissional. Uma amiga me contou que participou de um grande jantar de executivos de múltiplas nacionalidades, em Dallas, em que, para os organizadores, não bastou o horário estipulado no convite. Quando faltavam 10 minutos para o término do jantar, um senhor muito bem trajado passou em meio aos animados convidados, tocando acordes num instrumento de percussão, o xilofone (foto acima).
Há outros meios para alertar que está na hora de sair. Em uma grande festa, o pisca-pisca de luz é um deles. Convidados observadores, quando percebem que os anfitriões se aproximaram da porta de saída, já sabem que está na hora de ir para casa. Em reuniões domésticas, se usam de outros artifícios que, para o bom entendedor, bastam.
Um casal que está recebendo amigos, em caso de oferecer bebida e petiscos, não mais atiça o fogo na lareira, nem estimula a conversa. Assim, dá a entender que os dois estão cansados. O barômetro para medir a temperatura de bem-estar geral é a manutenção das conversas ou a atenção ao ouvir música e assistir a um filme no "home theatre". Hora de se retirar.
Como contornar um atraso para jantar
Convidados pontuais não devem ser penalizados pelo atraso de quem chega uma hora após a hora marcada no convite. Existe uma regra mais rígida de etiqueta que, em refeições à mesa, o atrasado que não avisa quando ainda está no trânsito come a partir do prato que está sendo servido. Quando o serviço é de bufê, fica mais fácil - e ele serve-se da travessa que ainda estiver na mesa.
É com discrição que se sai cedo de uma festa
Se você precisa sair mais cedo de uma reunião em petit comité, deve avisar à dona da casa quando chegar. Nesse caso não se costuma chamar atenção ao se preparar para sair, nada de beijinhos. O que se faz é dizer para a convidada com quem se está conversando que precisa sair cedo, sem gestos de despedida. Se a reunião estiver animada, uma despedida de convidado chama atenção e pode abreviar aquele agradável encontro.
Era assim....
Os livros de boas maneiras na Idade Média condenavam as manifestações de gula entre a realeza e a falta de asseio na mesa, mas três pessoas podiam comer no mesmo prato. Foi durante o Renascimento, quando ocorreram a Descoberta da América e as Grandes Navegações, que o ser humano passou a ser o centro do mundo, desenvolvendo o individualismo. Ele aprendeu a usar pratos e copos e manusear os talheres individuais. No volume 3 da História da Vida Privada (Companhia das Letras) lê-se que comer com as mãos, no século 16, já era um sinal de falta de educação.
Hoje é assim...
Ainda há resquícios daquelas maneiras, mas tratados com racionalidade. Come-se lagosta desprendendo seus tentáculos com os dedos, bem como frutos secos apresentados à hora do apetitivo. No século 21, pessoas jovens e bem educadas, de olho na balança para não engordar, dividem com uma amiga ou o namorado uma banana split, o prato alongado apresentado pelo garçom do restaurante com duas colheres individuais. Elas definem a evolução dos costumes num gesto de praticidade, beneficiando o físico e o bolso.
Etiqueta na prática
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:: Mascando chiclé
"Tenho um amigo, que já passou dos 40 anos, que costuma mascar chiclé nas reuniões da empresa. Dia desses, fizeram um vídeo em que ele aparece assim. Não temos muita intimidade e sou mais jovem. Conversar com ele sobre esse assunto seria inoportuno?" REGIS
Mascar chiclé pode ajudar a diminuir as tensões emocionais. Existe até uma goma de mascar sem açúcar para esta finalidade, mas é sempre deselegante. Socialmente é uma gafe, ainda mais havendo registros fotográficos e em vídeo. O que você pode fazer é comentar que viu uma pessoa muito popular num telejornal mascando chiclé, como ocorreu recentemente com um líder popular.
:: Clientes com celular
"Trabalho numa loja de iluminação muito concorrida e lido com clientes que, em pleno atendimento, ficam no celular, atrasando o serviço. Há pessoas que cansam de esperar e vão embora. Como posso contornar o problema?" BEATRIZ
É uma situação complicada. Enquanto a cliente fala ao celular, você pode sorrir para quem está aguardando a vez de ser atendido e perguntar o que deseja ver. Apresenta alguns artigos de seu interesse e retorna para dar atenção à cliente que causou a espera. Em geral, a pessoa se dá conta e ainda pede desculpas à vendedora.
:: Namorado palpiteiro
"Tenho um namorado que fica sempre criticando algo em minha roupa quando saímos juntos. Não dou bola, mas fico muito insegura internamente e desconfiada sobre as minhas escolhas. Devo ser franca com ele e dizer o que penso sobre os seus comentários?" ANITA
Deve comentar o fato de uma forma light, porque ele nem se dá conta da insegurança que provoca. Em geral, se presta atenção a uma observação masculina quando ainda há tempo para trocar alguma peça na produção do traje. O homem tem uma melhor visão no equilíbrio de conjunto do que nós, mulheres, mais detalhistas.