Ela era só uma menina ? não que agora tenha se tornado um mulherão, ainda tem só 15 anos. Mas tinha 10 na primeira vez que botou os pés numa agência de modelos. Ficava ali, à espreita da irmã, Amanda Heinzen, que trabalhava como modelo.
Aquele ambiente tornou-se familiar à menina. O biotipo nórdico e esguio fez de Natália Heinzen uma modelo ao natural. Na última segunda-feira, veio a constatação. A catarinense nascida em São José e criada em Palhoça, na Grande Florianópolis, venceu a etapa brasileira do Supermodel of the World, um dos principais concursos de modelo do mundo, promovido pela Ford Models.
Neste mês, ela representará o Brasil na etapa mundial da disputa, em Nova York.
"Eu ganhei!, Eu ganhei!, Eu ganhei!, Eu ganhei!, Eu ganhei!" escreveu em seu Twitter, logo que saiu o resultado, ainda em São Paulo. Ligou para a mãe, a técnica em enfermagem Cleunice Nienkoetter Heinzen.
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Ela chorava muito no telefone. Dizia que me amava e que estava muito feliz ? contou a mãe.
Não é para menos. Apenas estar entre as finalistas do Supermodel provoca reviravoltas na carreira de uma modelo. A blumenauense Mariana Weickert ficou em segundo lugar, em 1997, e dali desfilou para as maiores grifes do mundo. Larissa Schmidt, outra catarinense finalista, saiu da final direto para uma temporada em Paris.
No dia seguinte à vitória, Natália começou a sentir o gostinho de sua conquista. Nos primeiros 15 minutos de entrevista com o Diário Catarinense, seu telefone tocou quatro vezes. Eram jornalistas de São Paulo querendo uma palavrinha da nova aposta das passarelas brasileiras.
? De novo! Meu telefone ainda não parou de tocar ? comentou, já na quarta ligação.
Os cabelos loiros, os olhos azuis e a pele branquíssima dão a ela um ar exótico e perfeito para o mercado internacional. Giane Gregio, booker internacional da Ford, diz que nos castings internacionais, dos quais Natália participou para ganhar experiência, ela sempre teve aceitação dos clientes.
? Eu dizia que ela era a nossa russinha. É centrada, é dedicada. A cada casting, fica melhor. É uma menina super tímida que se revela na frente das câmeras. Ela nasceu estrela. Terá uma carreira promissora lá fora ? disse.
Giane conta que Natália tinha uma temporada no Japão, agendada para janeiro, mas teve que adiar em função dos compromissos com o Supermodel.
A jovem é mais um exemplo da aceitação das catarinenses no mercado da moda.
? A miscigenação, principalmente de alemães e italianos, que temos aqui, faz das catarinenses um biotipo muito atraente ao mercado. Desde 1997, quando o concurso começou, sempre tem uma catarinense entre as finalistas ? afirmou o booker Everaldo Antunes.
Ano passado, a blumenauense Bruna Tiedt, 17 anos, levou o concurso nacinal. Depois da vitória, mudou-se para São Paulo, o que também deve acontecer com Natália:
? Minha carreira deu um salto. Melhorou o cachê. Trabalhei bastante esse ano. Fiz Fashion Rio. Agora faço os castings para o São Paulo Fashion Week. O concurso foi um divisor para mim ? afirmou Bruna.
Bruna disse que o segredo é focar no trabalho. Não chegar em São Paulo pensando em sair na balada e se divertir.
Adolescente tímida
Tímida não. Muito tímida! As respostas de Natália Heinzen sobre sua vitória no concurso são resumidas:
? Estou muito feliz. Mas você quer mesmo ser modelo? ?
Sim. Sempre sonhei.
Qual a modelo em que se inspira? Gisele (Bündchen). Acho que todo mundo se inspira nela.
A timidez na conversa desaparece diante das câmeras. Em catálogos e editoriais de moda, Natália revela-se uma modelo multifacetada. Às vezes, surge como uma mulher sensual. Outras, a menina descolada da marca Puca.
No dia-a-dia, é uma adolescente nata. Tem Facebook, Orkut e Twitter. Gosta de AC/DC e The Offspring. Os cuidados com a beleza ficam restritos aos tratamentos contra a acne no rosto e à preocupação em não tomar sol, pois a pele é branca demais.
A loirinha está no 2º ano do ensino médio, no Instituto Estadual de Educação (IEE) e vai bem nas matérias que gosta: física, química e matemática. Foi na escola que conheceu Marcos Molina, 18 anos, quem ela diz ser o amor de sua vida. Os dois namoram há um ano e quatro meses e usam aliança de compromisso.
? Tenho um ciúme natural dela. Mas eu a incentivo. Sei que gosta do trabalho ? reflete o namorado.
Família
Filha de um mecânico e de uma técnica em enfermagem e com dois irmãos, Natália é bem apegada à família, principalmente, à mãe. Chorou de saudade na primeira viagem internacional que fez, para o Chile, quando ficou quase um mês fora. A mãe, Cleunice Nienkoetter Heinzen, também sente a falta da filha.
? Mas a gente quer ver os filhos felizes. Se ela está feliz, tudo bem ? afirma.
Cleunice promete acompanhá-la nos trabalhos longe de Santa Catarina. Pra começar, deve embarcar com ela para Nova York, ainda este mês, para acompanhar a final do Supermodel Of The World.