Glória Maria passou um fim de semana inteiro mostrando para as filhas, Laura, de 1 ano e 4 meses, e Maria, de 2 anos e 4 meses, um DVD de apresentações de balé, para que as meninas apreciassem a cultura clássica. Mas o esforço foi em vão. Ao chegar em casa na segunda-feira, deu de cara com a caçula dançando o "Rebolation", do grupo Parangolé.
? Mostrei, durante dois dias, espetáculos como "O lago dos cisnes", do russo Tchaikovski, mas a babá cantou e dançou o "Rebolation" e, logo, a Laura estava imitando. Digo "Lalá, 'Rebolation' não!", mas ela ri e faz de novo ? conta a repórter do "Globo Repórter", aos risos.
Esse tipo de episódio se tornou comum na vida da jornalista desde que adotou as crianças. Mas que fique claro: Glória não é mãe adotiva, é apenas mãe.
Entrevista: Glória Maria
Pergunta - Como conheceu Maria e Laura?
Glória Maria - Durante o meu período sabático (Glória tirou dois anos de licença), passei três meses na Bahia cuidando de crianças abandonadas. Pedi uma relação de abrigos ao juizado de menores e visitei um a um. No quinto abrigo a que fui, dei de cara com Maria engatinhando. Ela parou, me olhou, e alguma coisa mudou na minha vida ali. Fui para outras dependências e lá estava Laura, com 22 dias de vida. Olhei para ela e pensei "Caramba, o que está acontecendo comigo?".
Pergunta - E depois, o que aconteceu?
Glória - Eu ia ao abrigo todos os dias, das 9h às 21h, e algo me dizia que tinha que me dedicar mais a essas duas. Levantei a situação da Maria para saber se ela era adotável e descobri que ela e Laura eram irmãs. Aí começou a batalha pela adoção.
Pergunta - Consegue traçar o perfil delas?
Glória - Cada uma tem uma característica minha. Maria tem mania de limpeza, tudo dela é organizado e independente. E ela não tem medo. É exatamente como eu. Tenho medo de qualquer bichinho, mas faço qualquer aventura. E ainda tem o corpo parecido com o meu. Já o meu lado extrovertido está todo na Laura.
Pergunta - Você passou 16 dias em Brunei, na Ásia. Como foi ficar longe delas?
Glória - Um horror! Eu era famosa por inventar viagens para ficar mais tempo nos lugares e, agora, eu chorava quase todos os dias. Me comunicava pelo computador, mas elas não entendiam que a mamãe estava sentada na frente de uma tela. Foi uma tortura ficar longe delas e será de novo já, já.
Pergunta - É uma mãe participativa?
Glória - As babás me ajudam, mas quem dorme com as crianças todos os dias sou eu, não as babás. Eu que cuido, e elas não me largam. Eu sou mãezona mesmo, eu escolho a roupa e decido tudo.
Pergunta - As regras da casa são rígidas ou jantar assistindo à TV?
Glória - Podem pisar no sofá, mas não comem vendo TV. Elas só não podem botar tinta na parede! Na reforma do apartamento, fiz um quarto só para as duas porque quero que desenvolvam a união. Quero que sejam criadas como eu fui. Brincava subindo em árvore.
Pergunta - Elas já ficaram de castigo?
Glória - Já botei Maria algumas vezes, mas não deixo mais do que dois minutos. Eu a ensinei a dizer "Mamãe, eu te amo, desculpa" quando faz algo errado. Então, quando a coloco no castigo, ela me olha com carinha de santa e fala "Mamãe, desculpa, eu te amo". E na mesma hora ela já sai do castigo!
Pergunta - Tem medo de decisões erradas?
Glória - É claro que tenho insegurança no dia a dia, não sou a dona da verdade! Amor, eu não tenho dúvida de que dou. Mas fico em dúvida se eu estou educando direito. Sei que posso ser permissiva demais, não gosto de dizer não, mas acho que tem que ser assim. Essas meninas já tiveram tantas perdas na vida... E não sou eu quem vai tirar mais nada delas. Eu só dou.