Com seu cabelo curtíssimo e um sorriso largo, Deborah Secco cruzou a passarela do Bella Fashion Tour sob palmas, gritos e (muitos) flashes que brilhavam nos centenas de smartphones empunhados pelo público. A atriz foi a estrela do evento realizado pela Bella Hub no BarraShoppingSul, em Porto Alegre, para revelar novas caras da moda e do entretenimento. Nos bastidores, o frenesi não foi diferente: crianças e adolescentes fizeram fila para bater selfies, corriam atrás de canetas para conseguir um autógrafo – por mais anos 1990 que isso possa parecer – e davam fortes abraços em Deborah que, volta e meia, olhava para sua assessora e dizia:
– Tem como não me apaixonar? Me lembro da Maria.
Fora da TV desde a novela Segundo Sol, trama na qual deu vida à vilã Karola, Deborah está aproveitando o tempo de férias dos folhetins justamente para curtir a filha, Maria Flor, de três anos, e o marido, o modelo e ator Hugo Moura. Abre brecha na agenda somente para trabalhos pontuais e rápidos, como a vinda a jato a Porto Alegre para inspirar os pequenos que sonham com a carreira artística.
– Agora estou aproveitando um pouco a vida, focando na minha família. Foi um ano de Karola, um ano em que a vida fica lá, né. É muito envolvimento – explica a atriz em um papo exclusivo com a Revista Donna nos camarins do Bella Fashion Tour.
Na entrevista que você lê abaixo, Deborah fala sobre a proximidade dos 40 anos – ela faz aniversário em novembro –, os desafios na criação da filha e o visual "joãozinho". Confira!
Você veio a Porto Alegre inspirar uma nova geração que quer ingressar na moda e no entretenimento – e arrasou na passarela. Como você define sua relação com a moda? É uma área que sempre gostou ou passou a se envolver apenas em razão do meio artístico?
Na verdade, nunca fui modelo, mas depois que virei atriz acabo brincando de posar para revistas. Já fiz desfiles, brinco disso assim. Mas sem muita responsabilidade. Acho que quando não é o que você sabe fazer da vida, você brinca de fazer assim mais leve. Desfilei no último Fashion Week (em São Paulo) e o pessoal me perguntou se eu estava nervosa. Disse que não, não tenho responsabilidade de fazer isso bem. Fico nervosa para fazer uma cena.
Mas você também é referência quando o assunto é estilo, não só como atriz. Volta e meia seus looks são supercomentados nas redes sociais.
Eu curto, me divirto e aproveito. Sei que não sou um ícone fashion, que tenho que melhorar muito, mas sou curiosa. Gosto de entender de moda, de saber de tendências, de maquiagem... Acabo trabalhando com gente que entende disso, então fico mais ligada.
Você radicalizou no visual com um cabelo curtíssimo. Essa mudança representa também uma nova fase na sua vida?
Ah, acaba que é, né. Acabei tendo que cortar para a novela, não foi uma questão opcional, mas acaba que muda a sua vida. Muda a roupa que você usa, o seu estilo, como você se enxerga, como você se sente, muda um pouco de tudo.
Você cresceu em frente às câmeras e, agora, está prestes a fazer 40 anos. O que muda? Encara como um novo momento? É desafiador em alguma medida?
Eu me vejo igual. Quando era criança, pensava que com 40 anos eu ia estar velha. Aí você vê que falta metade, que você viveu ainda pouco, falta muita coisa, tem muita coisa para acontecer, muita vida para rodar. Mas, você começa a entender outros valores também, porque a juventude é muito fugaz, muito urgente e muito "pouco sólida". E aí, com 40 anos, você acaba dando valor às coisas que vão ficar e a se preocupar com as mais sólidas ainda, como sua saúde daqui a 40. E tentar estar bem, para ver minha filha bem, ser avó e ser um exemplo para ela, para meus netos e para todo mundo.
Nos últimos anos, sua vida pessoal deu uma reviravolta. Você engatou o relacionamento com o Hugo Moura e virou mãe da Maria Flor. Considera que mudou muito com essas novas experiências?
Acho que hoje entendo essa coisa do amor verdadeiro. Da necessidade de querer viver junto para sempre, da importância da família. Acho que, depois que a Maria nasceu, tudo fez muito sentido. Hoje, eu amo o Hugo pelo cara que ele é como meu companheiro, meu namorado, meu marido, mas também pelo pai que ele é. Pelo o que ele representa para a nossa filha. Amo todas as vezes que ela fala "papai, eu te amo", todas as vezes que eu acordo e ela tá fazendo carinho no rosto dele. Então, tem um outro lugar de amor que eu não conhecia, que não sabia que existia. Você começa a entender uma outra forma de amar, e é real. O Hugo é um cara que me traz muita paz, me faz muito bem. Outro dia ele falou assim: "É claro que a Maria vai escolher dormir com você, porque eu faço essa escolha todos os dias". Mas é isso, é um acerto escolher viver com ele. Para mim, a minha vida é muito melhor depois disso.
Você já falou algumas vezes que ele é um cara desconstruído, que dá apoio, que é uma relação diferente das outras que você teve. Como isso impacta na criação da Maria Flor?
Criar uma pessoa, independente do sexo, é um desafio. Os valores do nosso mundo estão completamente invertidos, trocados. Então, fazer uma criança entender que o importante é o que ela pensa, o que ela sente, o que ela veste, o que ela tem. A gente luta muito contra isso, temos muita preocupação com os meios que ela vai frequentar. Com a questão da igualdade, do respeito, da aceitação. A gente quer criar ela livre para ser o que ela quiser ser e ser feliz. Mas é um mundo extremamente machista e preconceituoso, julgativo, e a gente não está em um bom ano. Todas as vezes que eu penso, eu falo assim "cara, que difícil".
Você costuma se posicionar sobre diferentes temas, como preconceito. Acredita ser importante usar sua visibilidade para se manifestar?
Acho que assim, nunca achei que a gente tivesse que opinar muito. Mas no mundo que estamos hoje, a gente está precisando falar. Nesse momento, a voz é preciosa.
E o que vem de novidade por aí?
Estou de férias de novelas, a gente acaba trabalhando e fazendo coisas pontuais, mas estou conseguindo focar um pouco na minha família porque foi um ano de Karola, um ano que a vida fica lá, né. Agora estou aproveitando um pouco a vida, até para estar renovada e reciclada quando surgir alguma outra coisa. Aí aproveito para fazer coisas legais, quero ir lá para o Sertão e levar minha filha, quero conhecer pessoas, ajudar, ser útil e ser melhor. Acho que tudo que a gente possa fazer para crescer espiritualmente e evoluir positivamente ajuda muito ela também. E é nossa meta.