A atriz Maria Casadevall chamou atenção no último domingo (24) durante o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo. Na festa, ela deixou os seios à mostra com a frase "ele não" escrita em tinta rosa, enquanto se divertia em meio aos milhares de foliões no pré-Carnaval. Ela estava com outras famosas como as atrizes Alessandra Negrini, que é a rainha do bloco, Mariana Ximenes e a diretora de cinema e apresentadora de TV Marina Person, que postou uma foto.
Na noite desta terça-feira (26), a atriz usou sua conta no Instagram para explicar o que pretendia com a escolha. Ela postou uma série de mensagens no Stories.
"Não era um protesto. Não era uma manifestação feminista e não era um convite a coisa nenhuma. O meu peito à mostra, reconheço, estava ali protegido por todos os privilégios que me cercam como mulher branca e figura pública, e certamente garantiriam a minha integridade física ao fazer essa escolha naquela tarde, como aconteceu. Meu peito à mostra foi fruto de uma escolha pessoal, mas eu pude fazer uma escolha. E isso é um privilégio. Meu peito à mostra também não era um chamado à avaliação masculina sobre a forma e ou simetria deles, muito menos um pedido desesperado pelas suas aprovações a partir de critérios desinteressantes e estapafúrdios que pouco me interessam. Não era nenhuma novidade pra festa e nem a coisa mais criativa que alguém possa ter pensado em fazer numa data como essa. Não queria nada além do que já me pertence ou que deveria me pertencer real e simbolicamente. A mim e a todas as mulheres: meu corpo. Era a minha vontade de dispor do meu próprio corpo e de me expressar através dele. Sim, escolhi escrever nele o grito que pra mim representou a real resistência a tudo de sinistro que está se institucionalizando como regra e como lei neste país. Eu não estava pedindo renúncia do presidente com meus peitos e também não estava desinformada quanto ao cronograma eleitoral. Eu estava me apropriando de um símbolo, apenas. Não era nenhum mistério. Era só o peito de uma mulher imperfeita numa data festiva em uma tarde quente de verão na cidade", escreveu ela.
Por fim, Maria propôs um diálogo com outras mulheres, que possam ter se sentido ofendidas com o ato.
"Às manas (mulheres negras, sobretudo) que se sentiram prejudicadas em suas lutas ou atravessadas de qualquer forma que seja pela minha atitude, minhas descilpas. E se alguma de vocês estiver disposta e quiser me mandar um vídeo pra eu postar, esclarecendo seu ponto de vista, ou quiser propor algum outro debate, este espaço estará aberto", concluiu.
Adotado por militantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), o slogan do "ele não" é usado desde as eleições de 2018.