Priscila Fantin, 41 anos, voltou às telas com um grande marco de sua carreira, a novela Alma Gêmea, de 2005, que está sendo exibida pela quarta vez na TV Globo. A atriz, que interpreta a protagonista Serena, falou que se sente honrada com o carinho dos espectadores.
— Não tem outra emoção possível: estou feliz e grata. É uma obra-prima, uma trama que foi um fenômeno e sempre será. É uma novela curativa. Todos os núcleos têm uma lição positiva — disse em entrevista para a coluna de Anna Luiza Santiago, no jornal O Globo.
Anos depois da gravação da novela, Priscila foi diagnosticada com depressão crônica, condição que, segundo ela, já a acompanhava há algum tempo.
— Aos 26 anos, tive o diagnóstico de fato, mas, hoje, sei como a depressão age no nosso organismo, na nossa cabeça e no nosso comportamento. Posso dizer que já carregava uma tristeza profunda desde uns 19 anos — relata.
Ela conta ainda que demorou a entender os sintomas da doença, em que uma pessoa que sofre com o transtorno cumpre as obrigações sem vivenciar momentos interessantes:
— A depressão ocorre por deficiências de neurotransmissores e de produção de determinadas substâncias no meu organismo. Tenho sempre que estar cuidando. Existem manobras para me manter saudável, mas ela pode se instalar de novo. É sempre uma relação intensa com a minha condição. Tento lidar com o maior carinho, cuidado, paciência e respeito comigo mesma. Senão, fica pesado demais.
Segundo a atriz, o diretor Pedro Vasconcelos foi o primeiro do mundo artístico a saber da sua condição, quando a convidou para integrar o elenco da peça A Marca do Zorro, em 2010. Ela afirma que, mesmo em tratamento, relatou a ele as suas inseguranças de fazer o trabalho.
— Com a peça, tive que ter contato com outras pessoas e sair um pouco do casulo, porque era um compromisso de trabalho. Sou muito comprometida. Ter essa obrigação, fazer terapia e tomar os medicamentos me fizeram muito bem. Fui melhorando — explica.
Para Priscila, caso tivesse mais conhecimento sobre saúde mental quando mais jovem, poderia ter identificado sua depressão e iniciado o tratamento antes de chegar ao ponto mais crítico da doença:
— A depressão nunca afetou meu trabalho. Não houve consequência para a minha interpretação e para a vida das personagens. Em Alma Gêmea, não tinha o diagnóstico, o peso de saber e o tratamento. Mas a Serena, por si só, já é um antidepressivo. Vivenciar as minhas personagens é um antídoto.