A jornada de Dida Larruscain dentro do The Voice Brasil vai muito além da música. Primeira gaúcha selecionada na 10ª temporada do reality, a professora de canto fez todos os jurados virarem suas cadeiras na noite de quinta-feira (28) ao apresentar Chovendo na Roseira, de Tom Jobim. Antes mesmo de pisar no palco, ela já sabia que queria integrar o time de Iza, sua escolha após os comentários do time de técnicos.
— Escolhi pela representatividade da mulher preta mesmo, de aprender coisas com esta mulher maravilhosa que ela é. Faz pouco que me identifico como uma mulher preta, então me deu essa vontade de se aproximar dela — explica Dida, em entrevista por telefone a GZH.
A opção por apresentar uma faixa de Jobim também não foi à toa. Na infância, ela lembra que o pai colocava um disco de bossa nova para ela acalmar e dormir de noite. Ao crescer sob a influência da música nacional, ela pretende defender o estilo em sua trajetória no reality musical da Globo.
Não somente a bossa e a MPB, mas outros nomes do pop brasileiro devem aparecer no repertório da artista de 26 anos. A preparação nos bastidores, acompanhada de Iza, tem sido muito centrada na pesquisa de estilos, exercícios e na busca de "mostrar o que a voz pode fazer".
— Ela é nosso instrumento único ali e cada um tem a sua, com muitas possibilidades. Estou tentando me aprimorar neste sentido, mesclando um repertório nacional legal para as pessoas, mas que mostre a potência da voz — aponta.
Feliz com as centenas de comentários nas redes sociais, Dida confessa que não espera tanto retorno após a classificação nas Audições às Cegas. Tentando seguir os passos de Léo Pain, gaúcho que venceu o reality em 2018, a cantora pede que o público siga acompanhando sua trajetória nas próximas fases:
— Só tem cantores maravilhosos, inclusive eu (risos), estou no meio de gigantes. O The Voice significa reinvenção e alegria, porque eu pude ser eu mesma no palco, ainda mais depois de dois anos longe de tudo por causa da pandemia, então torçam por mim!
História
Natural de Santana do Livramento, a gaúcha se chama Ediana Torres Larruscain e ganhou o apelido de Dida ainda na infância, do avô materno, que tocava cavaquinho. Segundo ela, as artes sempre foram algo presente em sua vida desde pequena, incentivada pelo pai músico e a mãe pedagoga, mas ligada ao teatro — portanto, a música foi uma consequência em sua vida.
Na adolescência, já morando em Santa Maria, cantava em casa e na igreja, dando aulas de coral no Ensino Médio. Por isso, quando estava diante do vestibular, aplicou-se para a licenciatura em música e começou a estudar mais tecnicamente para os exames.
— Passei em cima da média, mas foi a minha entrada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que possibilitou a minha formação. A UFSM foi mesmo a minha escola — conta Dida, que tem bacharelado em canto lírico e está às vésperas de defender o mestrado em educação e artes, na semana que vem.
Por já dar aulas de música e também trabalhar com o pai em apresentações musicais, Dida também vê a participação no The Voice como uma forma de seguir seu sonho de vida: mostrar que a música é uma área de conhecimento, e que é possível viver da arte.
— A música se basta, ela não precisa de explicação ou de muitos rodeios. Quero viver dela, meu sonho é viver da música e das possibilidades dela — finaliza.